O presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, veio esta sexta-feira negar que seja prática dos membros do executivo entregar faturas duplicadas ou fazer refeições caras, pagas com dinheiro da autarquia.

O comunicado surge em resposta à notícia da revista Sábado, que esta quinta-feira revelava os resultados de uma investigação a milhares de faturas de refeições durante o consulado de Isaltino: 139 mil euros gastos desde 2017 em “almoços de trabalho”, que nos exemplos consultados pela revista incluíam pedidos como arroz de lagosta, lavagante ou champanhes de preços elevados.

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Inicialmente, o único membro do executivo oeirense que tinha dado resposta às questões já tinha sido Isaltino Morais, assegurando que tudo estava dentro da legalidade e que as faturas passavam por um controlo contabilístico. Agora, o comunicado enviado pela câmara — e também assinado pelo presidente — diz que foram “omitidas informações” e rebate alguns pontos da notícia.

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Câmara de Oeiras pagou 139 mil euros em “almoços de trabalho” que incluem lagosta e champanhe

Por um lado, o autarca garante que não existe “duplicação de faturas” — a revista noticiava que alguns vereadores tinham faturas em seu nome em vários restaurantes no mesmo dia. A justificação é que, “durante a pandemia, os almoços de trabalho nas instalações da Câmara foram a solução encontrada para permitir uma dinâmica ágil e segura de trabalho” e que “a maioria das refeições foram encomendadas em regime de take away à restauração local, sendo que os pratos, por vezes, eram provenientes de mais do que um restaurante”. Daí que existam várias faturas pelos mesmos almoços, lê-se na resposta.

Por outro lado, o presidente do executivo argumenta que fazendo a média da quantidade e valor das refeições, desde o final de 2017 até ao final de junho de 2023, o número é de uma refeição por semana e que em média isto inclui quatro pessoas, o que significa que a média do preço por pessoa ronda os 24 euros. A revista dava alguns exemplos de almoços que chegavam aos 900 euros e um deles ultrapassava os 1.400 euros.

Isaltino remata garantindo que “em mais de 40 anos de serviço, os resultados do Município de Oeiras são incompatíveis com uma gestão irresponsável” e que o “padrão de respeito pela coisa pública” deve “ter correspondência” em todos os que trabalharem consigo.