Os sinais deixados na última metade da segunda sessão de treinos livres tinham sido positivos, a passagem de forma direta à Q2 era mais um estímulo para continuar a subir, a qualificação na oitava posição acabava por ser um dos melhores resultados do ano. Na sequência do melhor registo em corrida de 2023, com uma quarta posição no Grande Prémio da Grã-Bretanha em Silverstone partindo do 16.º lugar, Miguel Oliveira voltava a uma terceira linha da grelha de partida logo no Red Bull Ring em Spielberg, onde em 2020 fez história com a primeira vitória da carreira no MotoGP com uma fantástica dupla ultrapassagem no final.

O regresso do Falcão: Miguel Oliveira sai de 16.º, é 4.º em Silverstone e alcança o melhor resultado do ano

“Foi um dia difícil, durante toda a sessão não tive o melhor ritmo de todos. Não me sentia muito confortável com a moto mas, nos time attacks, senti-me um bocadinho melhor, com algumas coisas ainda por melhorar, mas contente por ter a Q2 assegurada. Amanhã [Sábado] de manhã vamos fazer um bocadinho mais de trabalho na moto para melhorar ainda mais. Sinto-me forte. Vai ser apertado, temos de fazer a moto funcionar um bocadinho melhor. Quando os pilotos da frente fazem recorde da pista, é difícil acompanhar tudo isso. Mas sinto-me bem, sinto-me rápido, com velocidade para poder melhorar”, tinha comentado o piloto português depois da décima posição dos tempos combinados das sessões livres.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Não sendo propriamente um quarto lugar como conseguiu em Portimão logo no arranque da época, numa qualificação que terminou com Pecco Bagnaia na pole position com o tempo de 1.28,539 tendo ao seu lado na primeira linha da grelha Maverick Viñales (1.28,576) e Brad Binder (1.28,653), o português foi a segunda Aprilia mais rápida à frente de Alexi Espargaró (11.º) e mostrou argumentos para poder pontuar na corrida sprint, algo que tinha acontecido apenas três vezes nas sete provas em que participou entre as nove iniciais do calendário (Portugal, Américas e Espanha). No entanto, a luta prometia ser difícil para Miguel Oliveira perante a proximidade de tempos mesmo depois de ter baixado do 1.29 na Q2 (1.28,966).

O arranque da corrida sprint seria precedido pela notícia do minuto de silêncio em memória de Roberto Colaninno, um dos principais empresários italianos que liderava o grupo Piaggio (que tem a Aprilia). Logo de seguida, as motos saíram para a habitual volta de aquecimento e os milhares de espectadores que enchiam as bancadas do Red Bull Ring fizeram-se ouvir até por terem os pilotos da “casa”, Brad Binder e Jack Miller, entre os quatro primeiros lugares mas a corrida seria marcada por outros protagonistas no arranque.

Partindo do meio da terceira linha da grelha, o piloto português foi tocado na primeira curva e ficou fora da corrida sprint logo a abrir, sendo que também Marco Bezzecchi e Johann Zarco “perderam” aí a prova. Miguel Oliveira não teve uma boa saída, afundou um pouco na classificação e foi depois abalroado por uma carambola entre vários pilotos que envolveu também Jorge Martín, Fabio Quartararo e Enea Bastianini. Apesar de estar a tentar passar ao lado da confusão mesmo arriscando perder mais lugares, o corredor da RNF Aprilia acabou mesmo por ir ao chão, sendo visível a desilusão por mais uma queda sem ter diretamente ligação a uma confusão que começou quando Martín tocou Quartararo a tentar ganhar posições.

Lá na frente, cedo se percebeu que o duelo seria entre a Ducati de Pecco Bagnaia e as KTM de Brad Binder e Jack Miller, sendo que também Luca Marini conseguiu chegar-se ao australiano para lutar pela terceira posição. Bem mais atrás, Maverick Viñales tentava recuperar lugares depois de ser outro dano colateral do incidente que marcou o arranque da corrida sprint. Valentino Rossi, esse, coçava a cabeça perante mais um abandono do seu outro piloto, neste caso Luca Marini, após outro toque de Jorge Martín que causou mossa mesmo tendo um aviso de limites de pista. Ninguém queria acreditar naquilo que se estava a passar.

Com Jack Miller a afundar-se, o espanhol subiu ao terceiro posto, atrás de Pecco Bagnaia e Brad Binder, sendo que mais atrás Quartararo era penalizado por um outro incidente após aquele da curva inicial, algo que não se passou com Jorge Martín, que seguia no último lugar do pódio com novos “inimigos” ganhos entre várias boxes. As posições ficariam mesmo assim até ao final, com Bagnaia a conseguir a quarta vitória em corridas sprint e a reforçar a liderança do Mundial tendo atrás Binder e Martín. Aléx Márquez, Jack Miller, Pol Espargaró, Aleix Espargaró, Maverick Viñales e Franco Morbidelli entraram nos pontos, ao contrário do que aconteceu com Marc Márquez (décimo), Enea Bastianini (13.º) e Quartararo (15.º).