A China convocou esta terça-feira o embaixador do Japão em Pequim, após o anúncio por Tóquio da intenção de descarregar no oceano Pacífico, a partir de quinta-feira, a água da central nuclear de Fukushima.
“O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Sun Weidong convocou o embaixador do Japão na China, Hideo Tarumi, para lhe fazer uma declaração solene, depois de Tóquio ter anunciado que começará a descarregar água da central afetada de Fukushima no oceano Pacífico esta semana”, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) chinês.
Após o anúncio do início das operações esta semana, Pequim acusou esta terça-feira o Japão de descarregar arbitrariamente água contaminada da central nuclear danificada de Fukushima no mar.
“O oceano é propriedade de toda a humanidade, não é um lugar onde o Japão possa descarregar arbitrariamente água contaminada”, afirmou o porta-voz do MNE chinês, Wang Wenbin, em conferência de imprensa.
“O Governo chinês insiste que as pessoas devem estar em primeiro lugar e vai continuar a tomar todas as medidas que considerar necessárias para salvaguardar a segurança alimentar e a saúde dos cidadãos chineses”, acrescentou Wang Wenbin.
“Pedimos ao Japão que abandone este plano“, reiterou o porta-voz chinês, no último apelo a Tóquio para desistir de uma iniciativa que, segundo Pequim, “suscitou múltiplas preocupações na comunidade internacional”.
Tóquio anunciou esta terça-feira a data da primeira descarga de água, cerca de três meses depois de a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) ter afirmado que o plano japonês está em conformidade com os padrões definidos para este tipo de casos.
No entanto, o plano do Japão gerou desconforto em países vizinhos, incluindo China e Coreia do Sul, que já em julho pediram a Tóquio que não avançasse com as descargas.
A libertação de água, que deve arrancar a partir de quinta-feira, começa quase 12 anos e meio após a fusão nuclear de março de 2011, causada por um forte sismo e tsunami.
As autoridades chinesas também afirmaram que vão manter um “elevado grau de vigilância” sobre as importações de alimentos do Japão.
Desde 2011, a China mantém a proibição sobre a importação de alimentos de uma dúzia das 47 províncias que compõem a nação insular, incluindo Fukushima, e analisa rigorosamente toda a documentação dos produtos alimentares que chegam de outras partes do Japão, especialmente no caso de alimentos de origem aquática.
Embora vários países tenham levantado muitas das suas restrições nos últimos anos, a China só em 2018 retomou a importação de arroz da província japonesa de Niigata.
O chefe do executivo de Hong Kong, John Lee, garantiu esta terça-feira que a descarga é “irresponsável” e “arriscada“.
O responsável pediu aos departamentos governamentais daquela região administrativa especial chinesa que imponham controlos sobre os produtos de origem aquática provenientes do Japão, para “garantir a segurança alimentar e a saúde” da população.