Foi a construção de uma estrada que aumentou a tensão no Chipre. A infraestrutura tinha como objetivo ligar a aldeia de Arsos, ocupada por cipriotas turcos, a Pyla, uma localidade dentro da zona tampão gerida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ora, os capacetes azuis reagiram e tentaram bloquear a construção da estrada — e foram agredidos na passada sexta-feira. Após este episódio, a União Europeia (UE) reagiu e condenou o sucedido, mas o Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, veio, esta segunda-feira, apontar o dedo a ONU.
Num vídeo a que a Associated Press assistiu, um grupo de cipriotas turcos terá agredido capacetes azuis britânicos e eslovacos, que tentavam impedi-los de construir a estrada dentro da zona tampão. Quatro soldados precisaram mesmo de ser hospitalizados. Em reação, a Força de Manutenção da Paz no Chipre (UNFICYP) condenou o episódio: “As ameaças à segurança das Nações Unidas são inaceitáveis e constituem um crime sério”. “A UNFICYP apela a que o lado cipriota turco para respeitar a missão dentro da zona tampão”, lê-se num comunicado emitido na sexta-feira.
No entanto, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, culpou os capacetes azuis do incidente ocorrido na sexta-feira no Chipre, em que a ONU acusou forças cipriotas turcas de os terem agredido na ilha dividida. “A intervenção dos capacetes azuis […] é inadmissível para nós. […] Com a sua intervenção junto dos moradores e as suas declarações inapropriadas, os capacetes azuis minaram a sua imparcialidade e a sua reputação já manchadas”, declarou o chefe de Estado turco esta segunda-feira.
Por agora, de acordo com o porta-voz do secretário-geral da organização, António Guterres, Stéphane Dujarric, a situação “está tranquila”, mas a ONU reuniu-se esta segunda-feira à porta fechada para analisar a situação.
O Chipre está dividido numa zona tampão, ou linha verde, que divide a ilha entre a República de Chipre, Estado-membro da União Europeia que exerce a sua autoridade no sul do território, e a República Turca de Chipre do Norte, autoproclamada e apenas reconhecida pela Turquia, que invadiu o terço norte da ilha em 1974, em resposta a um golpe de Estado de nacionalistas cipriotas gregos que pretendiam anexar o país à Grécia.
Na sua conta pessoal do X (antigo Twitter), o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, condenou “o ataque contra a missão das Nações Unidas no Chipre por pessoas do lado cipriota turco. Exortamos esse lado a respeitar a autoridade da missão naquela zona”.
I strongly condemn the attacks on @UN_CYPRUS peacekeepers by Turkish Cypriot personnel.
Threats and assaults on UN peacekeepers are unacceptable.
The EU also calls on the Turkish Cypriot side to respect the UN mission’s mandate in the buffer zone and refrain from actions that… https://t.co/GWxDc2MRQ8
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) August 18, 2023
Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE “apela ao lado cipriota turco para respeitar o mandado da missão na zona tampão e parar com as ações que escalam as tensões”.