Ao contrário do que se tem especulado, o partido independentista catalão de Carles Puigdemont não fechou acordos com ninguém. É o próprio eurodeputado, exilado na Bélgica, quem o diz, prometendo mais novidades para a próxima semana. Há duas semanas, o PSOE de Pedro Sánchez conseguiu o apoio do Junts per la Catalunya e esses votos foram fundamentais para conseguir a presidência do Congresso de Deputados. A socialista Francina Armengol foi eleita presidente do parlamento espanhol (178 votos) e uma das leituras imediatamente feitas foi a de que esse seria um primeiro passo para os catalães apoiarem a investidura de Sánchez.

Um dia depois de Alberto Núñez Feijóo — presidente do PP, partido que ganhou as eleições — ter admitido o fracasso da sua investidura por falta dos apoios necessários no parlamento, Puigdemont quer pôr um ponto final nas especulações.

“Quinze dias depois do acordo para a mesa do Congresso dos Deputados, a quantidade de especulações sob a forma de informação que tem surgido conduz, provavelmente, a algumas conclusões erróneas que necessitarão de ser esclarecidas em breve”, escreveu o eurodeputado no Twitter (agora X), prometendo mais esclarecimentos para 5 de setembro. “Não há negociações em andamento com ninguém, nenhum projeto de amnistia foi apresentado a nenhum partido político e, claro, não tomei nenhuma decisão em relação ao Conselho da República Catalã.”

Assim que foram conhecidos os resultados finais das legislativas espanholas, e à medida que se tornava claro que Feijóo dificilmente conseguiria ser investido primeiro-ministro, o Junts deixou claro o que era necessário para apoiar Pedro Sánchez: amnistia para todos os envolvidos no referendo independentista da Catalunha e a possibilidade de voltar a fazer uma consulta popular sobre o mesmo tema.

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“Há conversações com diferentes atores políticos, como é lógico”, continuou Puigdemont. A maior parte, esclarece o político catalão, são conversas já tidas durante a última legislatura, altura em que o Junts “viveu sem opções de participar em quaisquer negociações devido à decisão de todos os atores políticos, aqueles que agora pedem para conversar”.

Por isso mesmo, Puigdemont diz ser preciso cuidado para não confundir essas conversas com negociações. “Durante muito tempo, o conceito de ‘diálogo’ foi utilizado como sinónimo de ‘negociação’, quando se trata de dois conceitos distintamente diferentes. O diálogo é anterior a qualquer negociação; pode ser usado para definir o quadro no qual se pode discutir, ou pode ser usado para verificar se não há espaço para negociação. Veremos isso nos próximos dias.”

De resto, o eurodeputado sublinha que a posição do partido independentista no xadrez político atual é importante e, com isso, vem responsabilidade acrescida em relação aos desejos dos seus eleitores e dos catalães.

Puigdemont frisa ainda que, ao optarem por não falar com a imprensa, “é inevitável que outros façam isso e criem ficções”.

Líder do PP admite fracasso da investidura como primeiro-ministro

Para pôr fim a ficções, especulações e mal entendidos, Carles Puigdemont irá falar aos jornalistas na próxima terça-feira, às 11 horas, em Bruxelas. Nessa altura, explicará exatamente o que Junts pretende nesta última fase do processo de investidura do primeiro-ministro espanhol.