A deslocação do primeiro-ministro ao Chile, entre domingo e segunda-feira, para participar nos 50 anos do golpe militar neste país, inclui também uma dimensão económica com o objetivo de expandir negócios, sobretudo nas energias renováveis.

Nesta sua segunda visita ao Chile – a primeira foi em junho de 2017 -, António Costa terá ao fim da manhã de domingo um encontro com empresários portugueses investidores no mercado chileno, principalmente ligados às áreas da energia, construção, agroalimentar, seguros e consultoria.

Segundo fonte do executivo, estarão presentes no encontro representantes de empresas como a Atlas MGA (seguradora), Berd (construção de pontes modelares), Catari (construção), EDP Renováveis, Efacec, Fidelidade (seguros), Procesl/Quadrante (engenharia e consultoria), Readiness IT (consultoria informática), REN, Sogrape (vinhos,  Sovena (azeite), Sugal (agroindústria de concentrado de tomate) e transitex (logística).

De acordo com dados fornecidos pelo Governo português, o Chile é o segundo destino do investimento direto português na América Latina e Caraíbas, depois do Brasil.

Desde a deslocação ao Chile em 2017, segundo a mesma fonte, o stock de investimento mais que duplicou, passando de 184 milhões de euros para 421 milhões de euros em dezembro de 2022, destacando-se empresas de capitais nacionais nos setores das renováveis, agroalimentar e digital. Atualmente há cerca de 40 empresas portuguesas com presença direta no mercado chileno.

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Em termos de setores económicos, o executivo português coloca entre as suas principais prioridades as energias renováveis, já que o Chile é atualmente o segundo maior produtor de lítio, com cerca de 39.000 toneladas métricas em 2022. As suas reservas são consideradas as maiores do mundo, com 9,3 milhões de toneladas métricas.

“Pela sua dimensão, geografia e disponibilidade de recursos naturais, o Chile apresenta um elevado potencial para as energias renováveis, com destaque para a fotovoltaica, eólica, biomassa e geotérmica. O Chile definiu o objetivo de produzir 20% da sua energia de fontes não hídricas até 2025 e atingir os 70% até 2050”, observa fonte do executivo de Lisboa.

Em particular no eólico e solar, as empresas de capital português EDP Renováveis, CJR Renewables, Efacec e NS Construcciones têm neste momento uma carteira de projetos em execução superior a 200 milhões de euros, empregando mais de 200 trabalhadores e técnicos qualificados.

Para o Governo português, “o elevado potencial eólico e solar do Chile faz com que este país se posicione como um ator global relevante na exportação de hidrogénio verde”.

A componente económica, de resto, ocupou parte substancial do programa de António Costa na sua primeira visita oficial ao Chile em 2017.

Num seminário económico em Santiago do Chile, o primeiro-ministro deixou uma mensagem aos investidores chilenos, dizendo-lhes que produzir em Portugal “é estar a produzir no mercado da União Europeia“.

Durante essa visita, salientou também o reforço da cooperação com o Chile nas áreas da prevenção e combate a incêndios florestais e referiu-se à “eterna dívida de gratidão” resultante da morte em Portugal de sete bombeiros chilenos.

O Chile já perdeu sete dos seus filhos ajudando Portugal a combater incêndios. Dois bombeiros morreram em 2003 e cinco outros em 2006. Esta é uma dívida que teremos para sempre, como gesto de grande solidariedade do povo chileno em relação a nós”, declarou.

Este ano, Portugal esteve envolvido na resposta ao pedido de ajuda do Chile para combater os incêndios florestais que assolaram o país – mais de 250 fogos que consumiram 430 mil hectares e causaram 26 mortos.

De acordo com fonte diplomática nacional, a solidariedade manifestada por Portugal “foi reconhecida pelo Presidente do Chile, Gabriel Boric, na última Cimeira Ibero-Americana”.

O apoio de Portugal consistiu no envio de 144 elementos oriundos da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, da Força Especial de Proteção Civil, da Guarda Nacional Republicana, do Instituto de Conservação da Natureza e dos Corpos de Bombeiros, em coordenação com o Mecanismo Europeu de Proteção Civil.