Cerca de três dezenas de farmacêuticos concentraram-se esta terça-feira à entrada do polo principal do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), em greve por atualizações salariais e contra a falta de profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Empunhando cartazes e uma faixa onde se lia “Farmacêuticos do SNS em luta! Pela saúde de todos!”, aqueles profissionais de saúde defendem a atualização da tabela salarial, que remonta a 1999, e a contagem integral do tempo de serviço para a promoção e progressão na carreira criada em 2017.

Neste momento, médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico já viram reestruturada, até por mais de uma vez, a sua tabela remuneratória, e os farmacêuticos, além não terem alterações desde 1999, ainda têm 80% dos seus profissionais na base da carreira”, denunciou o presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF), que decretou a greve.

Segundo Henrique Reguengo, “seis anos depois da implementação da carreira, tudo o que devia ter sido feito não foi feito e, pior do que isso, o Governo nem sequer inicia o diálogo prometido com o sindicato”.

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Os farmacêuticos, que estão em número insuficiente no SNS, exigem ao Governo a valorização da carreira, “respeito e uma negociação séria”, com uma atualização dos salários, de forma a existir, “no mínimo, uma diferença para os outros profissionais de saúde idêntica à que existia em 2008”.

“Temos quadros insuficientes, mas depois temos 80% das pessoas na base da carreira e uma tabela salarial de 1999. Se temos falta de pessoal e condições de trabalho deste teor, como é que chamamos as novas gerações para o SNS”, questionou o dirigente sindical.

O presidente do SNF revelou ainda que atualmente se assiste à saída do SNS de farmacêuticos com experiência, “que deviam estar a ensinar as novas gerações”, nas três especialidades de atuação — farmácia hospitalar, análises clínicas e genética humana.

Qualquer dia, vamos ter um serviço em que até podemos ter hospitais, médicos e enfermeiros, mas depois os profissionais que estão na base de todo o serviço e que permitem aos médicos e aos enfermeiros atuarem não existem”, advertiu.

Citando um estudo da Universidade Nova de Lisboa, Henrique Reguengo apontou a falta de cerca de 250 profissionais, “só para assegurar os serviços de rotina no dia-a-dia”.

Na greve de hoje, o presidente do SNF prevê uma adesão na ordem dos 90%, idêntica à do protesto que abrangeu o sul e ilhas, realizada no dia 24 de julho.

Para o dia 19 está prevista uma greve nacional, caso o Governo continue a não dialogar, salientou o sindicalista, que tem esperança numa mudança de atitude da tutela.

Além de Coimbra, no dia de hoje a greve decorre nos distritos de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo, Vila Real, Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.