“Se alguém colocar a sua própria canção de 30 segundos no Spotify e programar o seu telemóvel para a ouvir repetidamente durante 24 horas por dia, pode receber 1.120 euros por mês em direitos de autor”. Foi assim que nasceu o rumor do truque que alegava deixar os utilizadores ricos com faixas com menos de um minuto.

Esta declaração foi dita por Julian Klymochko, CEO e fundador da empresa canadiana de investimentos Accelerate, na rede social X (antigo Twitter), que citou a gestora norte-americana JPMorgan como fonte.

Segundo o jornal norte-americano Financial Times, a gestora “analisou os números” e fez esta revelação inédita. Além disso, estimou que 10% das transmissões de música são falsas, originárias das chamadas “streaming farms”, nome dado às redes de dispositivos programados para tocar repetidamente uma certa faixa.

Após a publicação destes dados, o próprio CEO do Spotify, Daniel Ek, veio desmentir tais considerações: “Se isso fosse verdade, a minha própria playlist seria apenas ‘Daniel’s 30-second Jam’ (algo como ‘A canção favorita de Daniel com 30 segundos’) em repetição”, escreveu numa publicação na X.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Agora a sério, não é bem assim que o nosso sistema de direitos de autor funciona”, acrescentou. Aliás, o próprio website da plataforma segue a ideia do seu CEO, dizendo que “ao contrário do que se possa ter ouvido, o Spotify não paga direitos de autor aos artistas de acordo com uma taxa por reprodução ou por transmissão”.

“Os pagamentos de direitos de autor que os artistas recebem podem variar em função da forma como a sua música é transmitida ou dos acordos que têm com editoras ou distribuidores”, explicita, referindo-se aos dois tipos de direitos de autor estipulados pela plataforma: de gravação e de publicação.

Ainda questionado por um utilizador sobre o facto de “o limite de 30 segundos para receber o pagamento” — sendo esse o tempo necessário para considerar uma transmissão — ter originado a que as canções sejam cada vez mais curtas, Danil Ek responde: “Sim, algumas faixas têm ficado cada vez mais curtas. No entanto, as mais populares continuam a ter cerca de 4 minutos”, garantiu.

Este rumor surgiu após uma investigação conduzida pelo jornal sueco Svenska Dagbladet provar que alguns gangues criminosos usavam as reproduções do Spotify para “lavar” o dinheiro obtido do tráfico de droga, assaltos, fraudes e homicídios.

Gangues suecos usam Spotify para lavar dinheiro. “Tornou-se numa caixa automática para criminosos”

À AFP, no entanto, a plataforma garantiu que “não foram encontrados dados ou provas concretas que indiquem que a plataforma está a ser usada” para esse efeito.