O ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, não é visto em público há duas semanas e falhou até uma importante cimeira no Vietname. Pequim fala em “motivos de saúde”, mas fontes norte-americanas apontam para que Shangfu tenha sido alvo de uma purga interna, por suspeitas de corrupção.

Oficialmente, uma porta-voz do governo chinês disse esta sexta-feira que não tinha conhecimento das razões pelas quais o ministro não aparece em compromissos oficiais há duas semanas, mas fontes do governo de Pequim avançaram à agência Reuters que problemas de saúde estarão na origem da ausência de Li Shangfu.

Dois responsáveis do executivo norte-americano garantiram esta semana ao jornal Washington Post que o ministro está a ser investigado por suspeitas de corrupção e provavelmente será demitido. Também duas fontes relacionadas com a indústria de Defesa chinesa garantiram ao mesmo jornal que é essa a justificação mais plausível.

Li Shangfu foi durante cinco anos responsável pelo Departamento de Desenvolvimento de Equipamento, responsável pela compra e desenvolvimento de armamento na China. Em julho, o organismo emitiu um comunicado a informar que estava a investigar violações de procedimentos na compra de equipamento e nos concursos públicos, relembra o Wall Street Journal.

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O afastamento de Li é particularmente relevante por ser considerado próximo do Presidente Xi Jinping. A confirmar-se, é a primeira vez que uma purga abrange um membro da Comissão Militar Central do Partido Comunista Chinês — órgão que supervisiona o Exército de Libertação Popular e que é comandado por Xi.

O combate à corrupção tem sido uma bandeira do PCC desde que Xi Jinping chegou ao poder e parece ter-se agudizado nos últimos meses. Em junho, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, também desapareceu e acabou por ser substituído no cargo, sem qualquer justificação oficial.

Ministro dos Negócios Estrangeiros da China não é visto em público há mais de três semanas

Também em agosto foram substituídos dois generais e o presidente do tribunal militar.

O embaixador norte-americano no Japão, Rahm Emanuel, comentou a situação no X (antiga rede social Twitter), destacando que o ministro não é visto em público há semanas e que tem falhado reuniões públicas — um comentário pouco habitual por parte de um diplomata em funções.

À BBC, o analista Brad Glosserman classificou os comentários de Emanuel como “surpreendentes”, mas disse que terão certamente sido aprovados pela Casa Branca.