Segundo números da agência de migração das Nações Unidas, entre segunda e quarta-feira, cerca de 8.500 migrantes, mais do que toda a população de Lampedusa, chegaram àquela pequena ilha italiana a bordo de 199 embarcações. O centro de acolhimento de migrantes construído na ilha foi concebido para menos de 400 pessoas. Só este sábado mais de 330 migrantes foram resgatados pelo navio da organização não governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) quando tentavam atravessar o Mediterrâneo central a caminho de Lampedusa.

Segundo dados oficiais, na última semana, aquela ilha recebeu mais de 5.000 pessoas e tem cerca de 2.500 à espera para serem transferidas para outros centros de acolhimento. Lampedusa, a ilha mais mais próxima de África, continua mergulhada no caos após a chegada de mais de 10.000 migrantes em apenas três dias, dos quais 2.500 ainda aguardam a transferência para outros portos e daí para centros de acolhimento.De acordo com várias fontes, durante o dia de hoje registaram-se momentos de tensão devido à sobrelotação e à longa espera contra a qual algumas pessoas protestaram.

Durante a noite passada, a Marinha italiana resgatou uma embarcação com cerca de 40 migrantes, tendo um recém-nascido durante a viagem acabado por morrer e a mãe sido hospitalizada.

Esta crise migratória tem sido objeto de intensa atividade diplomática nas últimas 48 horas.

A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, disse hque o momento é “em primeiro lugar de solidariedade com a Itália” e “de mobilização” da União Europeia, enquanto milhares de migrantes chegaram esta semana à ilha italiana de Lampedusa. Em declarações ao canal BFMTV, Elisabeth Borne anunciou que o Presidente francês, Emmanuel Macron, vai discutir o problema com a chefe do Governo italiano, Giorgia Meloni, sem, contudo, acrescentar detalhes.

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“Quando temos combatentes pela liberdade, pessoas cujas vidas estão ameaçadas no seu país, obviamente, devemos continuar a recebê-los”, argumentou a chefe de Governo francesa, sublinhando: “Depois, temos também de ver a preocupação que pode haver (…) em ver estas ondas de migrantes a chegar e temos de responder a todas estas situações”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, desloca-se no domingo a Lampedusa, a convite da primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, governante que, à frente de uma coligação de direita e extrema-direita, considera a pressão migratória “insustentável” para Itália. Meloni escreveu ontem à noite uma carta à presidente da Comissão, pedindo-lhe que visitasse a ilha “para compreender pessoalmente a gravidade da situação”.

Perante a emergência, Giogia Meloni anunciou ontem um pacote de medidas para dissuadir os migrantes que tentam chegar irregularmente a Itália, incluindo o alargamento do período de detenção nos hospitais para 18 meses, o máximo permitido por lei nos centros de detenção de pessoas que aguardam repatriamento.

Com os números em constante evolução, até agora este ano desembarcaram em Itália 127.207 imigrantes, quase o dobro dos 66.237 do mesmo período de 2022 e o triplo de 2021 (42.750), segundo dados atualizados sexta-feira pelo Ministério do Interior italiano.