Tudo parecia ter mudado em 72 horas. Ponto de partida: um comunicado a confirmar a renúncia por parte de 39 jogadoras espanholas entre quase todas as campeãs mundiais, as 12 dissidentes do período ainda antes do Mundial e mais seis pré-convocadas para a competição, uma lista de pedidos que não foram cumpridos a nível de mudanças na Real Federação Espanhola de Futebol mesmo após a saída de Luis Rubiales e Jorge Vilda, uma conferência e uma convocatória da nova selecionadora, Montse Tomé, que acabaram adiadas. Ponto de chegada, esta segunda-feira: uma lista de jogadoras que chamava todas as atletas que em termos técnicos eram consideradas as melhores, várias campeãs mundiais, nenhum nome riscado por recusar-se a jogar pela seleção. Afinal, não era bem assim. E a guerra aberta no futebol espanhola mantém-se.

A troca de comunicados poderá ter dado frutos: nova selecionadora de Espanha convoca jogadoras que renunciaram (mas deixa Jenni de fora)

“As jogadoras da seleção principal feminina de futebol querem manifestar, à luz da convocatória e posterior conferência de imprensa da nova selecionador nacional, Montse Tomé, que aquilo que ficou expresso no nosso comunicado de 15 de setembro de 2023 deixa claro e sem nenhuma opção para outras interpretações a nossa firme vontade de não ser convocadas por motivos justificados. Estas afirmações seguem plenamente vigentes. Durante os dias posteriores a esse comunicado, queremos colocar no conhecimento público que não foi transmitido nada diferente a ela nem a nenhum membro da RFEF, pelo que pedimos expressamente que a informação que seja transmitida seja verdadeira”, começa por dizer novo comunicado.

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“Como jogadoras profissionais de elite e pelo que aconteceu ao longo do dia, vamos estudar as possíveis consequências legais a que a RFEF nos está a expor ao colocar-nos numa lista para a qual tínhamos pedido para não ser convocadas por razões já explicadas em termos públicos e ainda com maior detalhe à RFEF e com isso tomar a melhor decisão para o nosso futuro e para a nossa saúde. Nesse sentido, é relevante aqui assinalar que a convocatória não foi feita a tempo e conforme está previsto no artigo 3.2 do Anexo I do Regulamento sobre o Estatuto e Transferência de Jogadores da FIFA, pelo que entendemos que a RFEF não se encontra em situação para exigir-nos que responda à mesma. Lamentamos mais uma vez que a nossa Federação nos ponha numa situação onde não desejámos estar”, acrescentou ainda a missiva.

De recordar que, esta tarde, Montse Tomé tinha convocado várias jogadoras que faziam parte da lista de atletas que tinham confirmado a vontade de continuarem sem representar a seleção, incluindo não só 15 das campeãs mundiais mas também duas das jogadoras do grupo das 15 que tinha renunciado ainda antes da competição na Austrália e na Nova Zelândia, Mapi León e Patricia Guijarro. “Tenho plena confiança de que vou contar com estas jogadoras. O contador está a zero a partir de hoje, não há nada para trás. Estamos a passar por mudanças na estrutura da RFEF e tenho a máxima confiança para fazer bem as coisas, tenho a máxima confiança nas minhas jogadoras e no clima de segurança e confiança que temos. Trabalho com elas há cinco anos, ainda que noutro papel, e sempre senti que tinham confiança em mim”, referiu.

Entre as várias exigências além das saídas de Luis Rubiales da liderança da RFEF e de Jorge Vilda de técnico estavam outros pontos como a reestruturação do organograma do futebol feminino dentro da RFEF, a reestruturação do gabinete da presidência e da secretaria geral da RFEF, a demissão do presidente da RFEF, a reestruturação da área de comunicação e marketing e a reestruturação da direção de integridade. Assim, existem agora dois cenários: ou existe um acordo que permita o regresso das jogadoras ou a dispensa das convocadas ou o grupo corre o risco de cometer uma “infração muito grave” à luz da Lei do Desporto de Espanha, com uma moldura entre uma multa entre 3.000 e 30.000 euros e uma suspensão da licença federativa entre dois a 15 anos (a graduação é feita pelo grau de culpa ou pela existência ou não de dolo).

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