Portugal aumentou a sua rede rodoviária em 2.378 quilómetros (346%), entre 1995 e 2018, enquanto a ferroviária diminuiu 18%, segundo um estudo esta terça-feira divulgado pela organização não-governamental (ONG) ambiental Greenpeace.

No mesmo período — que inclui dados comparáveis em toda a Europa —, Portugal investiu mais do triplo em estradas do que em ferrovias: 23,4 mil milhões de euros face a 7,7 mil milhões.

A ONG destaca ainda que, apesar dos alertas sobre as alterações climáticas e as suas consequências desde 1990, os países da Europa analisados (UE, Noruega, Suíça e Reino Unido) mantiveram o foco do investimento na extensão da rede viária (1,5 biliões de euros), em detrimento do comboio (930 mil milhões nas ferrovias), numa diferença de 66% entre as duas opções.

Entre 1995 e 2018, Portugal apresentou o terceiro maior crescimento, em termos absolutos, da extensão de autoestradas na Europa, a seguir à Espanha e à França. No que se refere à redução da rede ferroviária, Portugal teve a terceira maior, depois da Letónia e da Polónia.

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A ONG destaca que, desde 1995, o número de passageiros nos comboios portugueses tem descido e oito linhas (num total de 460 quilómetros) foram desativadas, afetando um número estimado de 100 mil pessoas.

Do lado positivo, a Greenpeace aplaude a criação do novo passe ferroviário nacional que permite, desde 1 de agosto, que um passageiro viaje — por 49 euros — nos comboios regionais em todo o território nacional (não sendo aplicável aos comboios inter-regionais e urbanos).

A organização ambientalista insiste também na necessidade de apostar nas ligações entre Portugal e Espanha, nomeadamente Lisboa-Madrid, lembrando que apenas existe um comboio direto entre Porto e Vigo.

Em vésperas do Conselho de ministros dos Transportes da UE (nos dias 22 e 23), a Greenpeace apela aos governos “para que corrijam a sua incapacidade histórica de incentivar os comboios em vez dos transportes privados movidos a petróleo e para que deixem de encerrar estações ferroviárias regionais, reabram infraestruturas ferroviárias desativadas e transfiram maciçamente o financiamento dos transportes rodoviários e aéreos para os caminhos-de-ferro, a fim de garantir a redução das emissões de gases com efeito de estufa e a igualdade de acesso à mobilidade sustentável para todos”.