O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, criticou esta quinta-feira as instituições financeiras internacionais por “continuarem indiferentes” aos pedidos de cancelamento da dívida dos países mais pobres, e defendeu, na ONU, várias iniciativas para uma transição energética justa.
Digo isto aos bancos e a outras instituições de crédito: cancelem esta maldita dívida”, apelou Ramos-Horta, argumentando que “continuamos a testemunhar os presidentes super-ricos de bancos e países credores que, mesmo confrontados com a agonia da pobreza e o aumento do custo de vida nos países mais empobrecidos, continuam indiferentes aos apelos internacionais para o cancelamento da dívida”.
Falando na 78.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, que decorre esta semana em Nova Iorque, Ramos-Horta salientou que Timor-Leste até tem bons indicadores financeiros, a começar pelo rácio de dívida face ao PIB nos 16%, “um dos mais baixos do mundo”, e tendo apenas contraído mil milhões de dólares em dívida desde 2012, com uma taxa média de 2%, que contrasta com juros à volta de 10% exigidos aos países africanos nas emissões financeiras internacionais.
Precisamos de uma nova perspetiva sobre o nexo climático e de segurança, que confronte os impactos das alterações climáticas e da degradação ambiental na paz e segurança e que garanta que a busca de uma transição energética não piora a situação de segurança nos países frágeis”, disse Ramos-Horta, anunciando uma “iniciativa ousada nesta área”.
A iniciativa visa acelerar a transição energética dos Estados dependentes de petróleo e gás, prevenindo perturbações sociais, explicou, considerando que as atuais iniciativas não dão a devida atenção aos países de baixo rendimento e aos pequenos e isolados arquipélagos.
O efeito combinado do desbloqueio do financiamento através do alívio da dívida, da aceleração do financiamento internacional a baixas taxas de juro e a um aumento significativo da ajuda oficial ao desenvolvimento, vai permitir a estas nações embarcarem em projetos que fomentam o desenvolvimento de indústrias limpas e, ao mesmo tempo, lidar com as perdas e danos resultantes das alterações climáticas”, defendeu Ramos-Horta.
Para além disso, Timor-Leste salientou ainda “os desafios particulares enfrentados pelos Estados frágeis” e a necessidade de equilibrar a busca por minerais raros, não levando a mais instabilidade nos países mais ricos nestes recursos verdes.