Passado o pior da crise energética do ano passado, o Governo promete ter os mesmos cuidados para não permitir que o preço da eletricidade no próximo ano fique acima da inflação, afirmou esta terça-feira o ministro do Ambiente e Ação Climática. Duarte Cordeiro foi questionado sobre a expetativa para a evolução do preço da eletricidade no próximo ano durante a CNN Summit dedicada às energias renováveis, na qual o ministro foi alvo de um ataque com tinta por parte de ativistas climáticos antes de iniciar a sua intervenção.

Ministro do Ambiente atacado com tinta verde em conferência da CNN Portugal

O ministro destacou que os preços grossistas da energia estiveram muito abaixo do que estava previsto e assinala que o Governo adotou medidas temporárias para preparar o país para a escalada que começou no ano passado — desde permitir o regresso à tarifa regulada do gás até à descida das tarifas de acesso às redes elétricas para valores negativos — mas que agora se espera “um retomar da normalidade possível”.

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O preço do gás foi mais baixo do que se esperava e a eletricidade também está em valores mais baixos, pelo que estas “medidas podem começar a ser levantadas, permitindo que os instrumentos sejam normalizados”.

Sobre a evolução das tarifas elétricas em 2024, cuja proposta será anunciada pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) a 15 de outubro, Duarte Cordeiro diz que os valores ainda não estão fechados. A inflação homóloga em agosto atingiu os 3,7%, puxada pelo preço dos combustíveis. Em 2023, a eletricidade teve uma subida média anual de 2,8%.

Duarte Cordeiro justificou ainda a opção do Governo de baixar novamente o imposto petrolífero para atenuar o aumento dos preços, uma opção que parece contrariar os objetivos da descarbonização e redução dos combustíveis fósseis. “O Ministério do Ambiente não pode ser insensível e ignorar os impactos sociais das políticas e num contexto de aumento de combustíveis e com as prestações de crédito a subir, não podemos ignorar esta pressão.”

Ainda que a penalização dos combustíveis fósseis seja um instrumento de política ambiental, o ministro assinala que é também preciso incentivar a mudança do perfil de utilização da mobilidade individual.