A venda de veículos eléctricos no mercado sul-coreano já conheceu melhores dias, o que não deixa de ser estranho, dado que a gama de modelos a bateria propostos pelos dois construtores locais, Hyundai e Kia, nunca foi tão vasta e tecnologicamente sofisticada. Para mais, o país abriu recentemente as portas a modelos estrangeiros, como o Tesla Model Y, que lidera o mercado global.
Depois de comercializar 71.744 veículos eléctricos nos primeiros oito meses de 2022, os condutores sul-coreanos adquiriram apenas 67.554 em igual período de 2023, o que face ao incremento da oferta justifica a apreensão dos fabricantes, cada vez com mais carros a bateria para escoar. Daí a guerra de preços, com os valores exigidos pelos Hyundai e Kia a baixar para tornar os respectivos mais apelativos e comercialmente competitivos.
Para justificar a queda nas vendas de eléctricos, tradicionalmente mais caros do que os seus concorrentes com motores a combustão, o responsável pelo Jeonbuk Institute of Automotive Convergence Technology, Lee Hang-Koo, aponta o dedo à economia sul-coreana, que já revelou mais dinamismo, o que reduz a confiança dos compradores, bem como o dinheiro disponível.
Hang-Koo prevê ainda que, embora a Hyundai e Kia tenham cortado até aqui o equivalente a 3000€ nos veículos eléctricos mais apetecidos, a guerra de preços está apenas a começar. Avança o analista que se o Model Y começou a vender na Coreia do Sul em Julho, os restantes construtores chineses, bem como os fabricantes norte-americanos e europeus que produzem na China, irão começar a ter uma presença reforçada junto dos condutores sul-coreanos, com preços mais atractivos, o que levará previsivelmente ao escalar da guerra de preços. Com vantagens para os consumidores.