O artista português Bordalo II volta a usar a arte para fazer críticas à atualidade. Depois das críticas aos gastos da JMJ ou às corridas de touros, criou agora “Desalojamento Local”, criando sinais de indicações alternativos na capital e montando várias tendas decoradas como se fossem casas dos bairros típicos de Lisboa, numa “Rua Angústia”, instalada no miradouro de São Pedro de Alcântara.
Há também placas de toponímia escritas noutras línguas, para indicar a “Place du Prince Royal”, uma versão alternativa do Príncipe Real, ou a “Rue Champ de D’Ouris” para Campo de Ourique. Noutra imagem, colocou uma almofada e cobertor num banco de jardim, acompanhados por pantufas e uma mesa de cabeceira.
Bordalo II pinta de vermelho símbolo de tourada nas sinaléticas do Campo Pequeno
No Instagram, onde partilhou as imagens e vídeos da instalação, fala num problema de habitação fruto da “ganância do privado vs a incompetência do Estado”. Não critico turistas, estrangeiros e muito menos imigrantes, mas sim a falta de medidas que consigam equilibrar a balança e parar de expulsar as pessoas que realmente vivem nas cidades, transformando-as em gigantes parques de diversão sem alma”, transmite o artista nas redes sociais.
Bordalo II refere que, “quando se deixam os mercados à solta, o resultado são buracos a alugar por dois mil euros por mês”, vincando que “é urgente regular a loucura da especulação que retira a dignidade a uns para encher os bolsos a outros”.
“Esta situação é um problema para os que não conseguem pagar uma casa, para aqueles a quem nada sobra depois de a pagar e para quem se vê obrigado a sair, mas acima de tudo, é um problema social que vai deixar marcas profundas – há uma enorme parte da população sem condições de pensar no futuro – e isso é um problema de todos!”, remata.
É também feito o apelo à manifestação “Casa para Viver”, que sai à rua em Lisboa este sábado, 30 de setembro.
Habitação: Casa Para Viver convoca nova manifestação para 30 de setembro