O artista plástico português Bordalo II publicou, esta quarta-feira, no Instagram um post no qual mostra vários sinais rodoviários que indicam a direção do Campo Pequeno, em Lisboa, pintados por cima com tinha vermelha. A intervenção foi feita precisamente na parte da sinalética com o símbolo de um toureiro com o touro.

Além de várias imagens, Bordalo II partilhou um vídeo que mostra o momento em que usou a lata de tinta para tapar a imagem. “Anti-tourada”, escreveu na descrição. “Que o Campo Pequeno sirva apenas para espetáculos não barbaro-labregos.”

A publicação de Bordalo II levantou um debate na caixa de comentários

Os símbolos de tourada foram repostos nos sinais rodoviários quatro anos depois de, em 2019, Fernando Medina os ter alterado a pedido do PAN. A solução passou por tapar o símbolo com um quadrado de vinil branco.

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Agora, Inês Sousa Real lamenta o “retrocesso” e aponta o dedo ao atual presidente da autarquia. “É lamentável que Carlos Moedas e o seu executivo tenham cedido ao lobby da tauromaquia (…) e que tenham tido este retrocesso civilizacional na cidade de Lisboa”, disse a porta-voz do PAN à TSF. “Não é este o cartão de visita que queremos dar a quem nos vem visitar.”

Entretanto, a publicação de Bordalo II acumula mais de 28 mil “gostos”, embora esteja a dividir opiniões. “Falamos todos mas poucos têm a tua coragem, obrigada por falares por todos nós. CHEGA”, comentou uma seguidora. “O [Carlos] Moedas não tem descanso”, apontou o humorista Diogo Faro. “A sua convicção não devia permitir danificar equipamento público”, aponta, por outro lado, uma utilizadora, ecoada por outros comentários como: “Que falta de respeito pela cultura portuguesa! A sua atitude é que é bárbara e labrega!”

Bordalo II já se tinha posicionado contra as touradas em 2021, por alturas da homenagem a João Moura

Esta não é a primeira vez que o artista se posiciona contra a tauromaquia. Em 2021, escreveu um enorme “não” à entrada da mesma praça de touros. “Não, tourada, não”, escreveu. “A tinta é fácil de apagar, mas a ideia fica entranhada nas pedras da calçada, é a evolução dos tempos, habituem-se.” A intervenção foi, na altura, uma crítica à homenagem ao toureiro João Moura, que na altura era suspeito de crimes por maus-tratos a animais (crimes esses pelos quais será julgado em setembro).

Cavaleiro tauromáquico João Moura julgado em setembro por maus-tratos a animais