Um iate, uma herança de 115 milhões de euros, empresas e uma mansão em São Petersburgo. Esta deverá ser a herança que Pavel Prigozhin, o único filho homem de Yevgeny Prigozhin, receberá pela morte do pai. E não são apenas os bens materiais que o jovem de 25 anos herda: também pode ser o cargo de líder do grupo Wagner.
De acordo um relatório diário do think tank norte-americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, sigla em inglês), a suposta chegada à liderança do filho de Yevgeny Prigozhin foi confirmada este domingo por vários grupos do Telegram ligados ao grupo Wagner. Alegadamente, Pavel Prigozhin já “estará a negociar” com a Guarda Nacional Russa um regresso da milícia paramilitar à Ucrânia.
A ideia de Pavel Prigozhin é de continuidade com a gestão do pai — e não um corte abrupto, tal como tem sido sugerido pelo Kremlin. Os mercenários do grupo Wagner não assinariam “contratos” com o ministério da Defesa russo, para além de a milícia manter o “nome, símbolos, ideologia, comandantes, gestão e princípios orientadores”.
No entanto, a presidência russa ainda não confirmou nenhuma destas informações. O próprio relatório do ISW frisa que “não é claro” como é que o Kremlin “avalia a relação entre os elementos do grupo Wagner e o governo russo”. Para além disso, Vladimir Putin parece estar a ponderar escolher Andrei Troshev, um antigo comandante da Wagner, para novamente chefiar a milícia.
Quem é Andrei Troshev, o “Grisalho” da Wagner que se reuniu com Putin?
Neste sentido, para tentar contornar esta aparente escolha de Vladimir Putin, o ISW dá conta de que “alguns elementos dos Wagner estão interessados em unir-se em torno de uma alternativa a Troshev, alinhado com o Kremlin e o Ministério da Defesa, e que esteja ligada a Prigozhin” — e o filho seria, por isso, o sucessor natural.
Pavel Prigozhin: de jovem gestor a líder dos mercenários?
Segundo aquilo a que o jornal britânico The Times teve acesso através de várias contas de Telegram, Pavel Prigozhin foi o único herdeiro de todos os bens do pai, num testamento assinado por Yevgeny Prigozhin a 2 de março de 2023. O documento define ainda que o jovem de 25 anos fica obrigado a sustentar a família, incluindo as duas irmãs (Paulina e Veronika), a mãe (Lyubov) e a avó de 80 anos (Violetta).
Ainda segundo o testamento, se o jovem de 25 anos morrer, a herança passa a ser dividida pela mãe, Lyubov, pelas duas irmãs e ainda para o neto – no entanto, não se sabe se o neto é filho de Pavel, Paulina ou Veronika.
Esta foi uma prova de confiança do pai para Pavel Prigozhin, que já desempenha vários cargos nas empresas do pai e detém uma agência imobiliária de luxo, o que lhe permitiu ganhar estatuto e nome junto das elites russas. No campo de batalha, o jovem lutou ao lado da milícia paramilitar na Síria e, pelos seus serviços, foi condecorado, segundo as diretrizes do grupo Wagner, com o título “cruz preta” pelo seu bom desempenho.
Envolvido em múltiplos negócios do pai, não se sabe até que ponto é que Pavel Prigozhin decidia e geria o grupo Wagner do ponto de vista militar. Nos próximos tempos, talvez poderá tornar-se mais claro.