O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, considerou esta sexta-feira que os deputados socialistas na Assembleia da República, que são docentes e votaram “contra os seus colegas”, na passada quarta-feira, deviam “ter vergonha na cara”.
“É lamentável que alguns colegas nossos, que são deputados do Partido Socialista (PS), tenham conseguido votar contra os seus colegas, esquecendo-se que se estivessem nas escolas, era o salário dos colegas que eles tinham”, referiu.
O PS chumbou na quarta-feira, no parlamento, todas as iniciativas legislativas que propunham a recuperação faseada do tempo de serviço de professores, uma das principais reivindicações dos docentes.
PS chumba todas as iniciativas para recuperação do tempo de serviço dos professores
“Pensarem que desta forma, absolutamente vergonhosa, vão conseguir continuar a ser alimentados por um aparelho que os mantém como deputados, deviam ter vergonha na cara esses professores que são deputados desse partido”, acrescentou à entrada do Centro Escolar Norton de Matos, em Coimbra, em dia de greve nacional de professores e educadores.
No seu entender, a luta que os professores estão a travar não é uma luta apenas dos professores, mas também “dos portugueses e das famílias”.
“Esta posição irredutível do Governo, do Partido Socialista e do doutor António Costa tem consequências tremendas, terríveis na falta de professores. Ainda ontem [quinta-feira] nos diziam que nos Açores já são psicólogos, já são outros profissionais a dar aulas no 1.º ciclo, que é um setor que não tem habilitação própria”, lamentou.
Aos jornalistas disse também que a Fenprof soube, através de diretores de escolas, que “há pessoas com o 11.ºano, sem qualquer tipo de habilitação, a apresentar candidaturas às escolas para poderem dar aulas”.
“Não podem, para já. Mas uma das soluções que parece que está a ser encontrada pelo Governo para resolver a falta de professores é, precisamente, o cada vez mais, recorrer a diplomados que não são professores, é baixar a formação para professores quando nós temos uma das formações mais elevadas até a nível mundial”, apontou.
O dirigente da Fenprof destacou ainda que este é o primeiro “grande dia de luta deste ano” letivo 2023/2024, no entanto, acredita que “infelizmente não vai ser o último”.
Professores e educadores de todo o país em greve por melhores condições de trabalho
No próximo dia 10 será conhecida a proposta de Orçamento do Estado para 2024, seguindo-se uma reunião interna da direção estrutura sindical e depois do dia 13 com outros sindicatos, para analisar o documento.
“Se este Orçamento não contiver a primeira tranche de faseamento de recuperação do tempo de serviço, não prever verbas para as escolas poderem dar resposta a problemas que hoje têm, não for um orçamento que aponta para uma verdadeira medida de combate à precariedade e não aquilo que nós hoje temos, se for um orçamento de mais do mesmo, vamos continuar com lutas. Veremos depois de que tipo”, avisou.