Foi um dos melhores jogadores da história da seleção israelita de futebol, deixou marca ao longo das quase dez épocas em Inglaterra com passagens por clubes como Liverpool, Chelsea, Arsenal e West Ham, ganhou a Liga Europa ao serviço dos blues, jogara antes em Espanha, voltou em 2014 à liga do seu país passando por equipas como Maccabi Haifa, Maccabi Telavive, Maccabi Petah Tikva e Beitar Jerusalém, acabou a carreira em 2019 para ficar em Israel com um novo papel, neste caso como diretor desportivo da última formação que representou. Yossi Benayoun, hoje com 43 anos, teve um percurso de assinalar e que para alguns até podia ser maior, tendo em conta tudo aquilo que se dizia na formação sobre o potencial que mostrava (ainda esteve na formação do Ajax mas não se adaptou com a família e voltou aos juniores do Hapoel Be’er Sheva). Agora, o ex-médio é notícia pelas piores razões mas numa história que poderia ter um final mais trágico.

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Em entrevista ao diário israelita Ynet Sport, Benayoun contou o drama familiar que viveu durante o fim de semana quando um sobrinho lhe ligou. “Tio, por favor, salva-nos”, pediu por mensagem Shaked, que mora com os pais e com os irmãos no Kibbutz de Be’eri, zona próxima da Faixa de Gaza atacada no sábado.

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O cunhado de Benayoun, Sharon Shabo, foi o primeiro atingido por um grupo de quatro elementos do Hamas que percorreram o local, tendo depois conseguido refugiar-se nos campos após ter sido baleado (entretanto foi operado e não corre perigo de vida). Depois, o mesmo grupo seguiu para a casa da família do diretor desportivo do Beitar, sendo que Shaked, que integra uma unidade de infantaria israelita, conseguiu matar três dos quatro elementos que invadiram o espaço na altura ocupado também por crianças. O quarto, que acabou por fugir do espaço, lançou ainda uma granada para a casa mas toda a família conseguiu fugir.

“Estou em choque, foi um milagre. Vivi o dia mais difícil da minha vida. Já tinha aceitado que estavam mortos. Mas, então, ocorreu um milagre graças ao herói do meu sobrinho”, contou Benayoun, em declarações citadas pelos jornais Marca e As, mostrando-se incrédulo mas ao mesmo tempo aliviado.

De acrescentar que, nesta fase, vários jogadores, treinadores e dirigentes têm deixado Israel desde sábado, como é o caso de Miguel Vítor, central formado no Benfica (onde se sagrou campeão em 2009/10 com Jesus no comando) que foi internacional português até aos Sub-23 e que acabou depois por pedir a dupla nacionalidade para representar a seleção de Israel, onde está desde 2016 ao serviço do Hapoel Be’er Sheva.

“Estou neste momento à espera do voo para Portugal para me juntar à minha família, mas o meu coração e pensamentos fica com os amigos e com toda a gente de Israel. É difícil encontrar palavras para descrever a raiva e a tristeza que sinto, porque nenhuma parece suficiente. Israel não merece passar por isto, as pessoas não merecem estes ataques bárbaros, as crianças israelitas (as minhas filhas incluídas) não deviam ver nunca estes vídeos horríveis e notícias. As crianças israelitas e os jovens não merecem viver no medo e perder a esperança num futuro feliz. O meu coração está com as vítimas e com as suas famílias e amigos. As minhas sinceras condolências e coragem para enfrentar os dias que aí vêm. Para os que estão a lutar pelo nosso país e comunidades: vocês são uns heróis. Força, Israel!”, escreveu o jogador de 34 anos.