Oito pessoas receberam assistência médica devido aos incêndios que lavram na Madeira, em três concelhos, entre as quais um bebé por inalação de fumo, revelou o secretário regional da Saúde e Proteção Civil esta quinta-feira. Em conferência de imprensa no Serviço Regional de Proteção Civil, no Funchal, Pedro Ramos apresentou o ponto da situação dos três incêndios que estão ativos nos concelhos de Câmara de Lobos, Calheta (zona oeste) e Porto Moniz (costa norte), e anunciou a chegada à região, na manhã de sexta-feira, de uma equipa de 55 elementos da força especial de bombeiros enviada pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Além disso, as câmaras da Calheta e do Porto Moniz ativaram esta quinta-feira os respetivos planos municipais de emergência e proteção civil.

O governante adiantou que o combate às chamas envolve um total de 127 operacionais, com o apoio de 42 viaturas e do helicóptero, que opera apenas durante o dia, e que hoje efetuou 55 descargas de água.

O fogo deflagrou inicialmente na quarta-feira, cerca das 18h00, na freguesia dos Prazeres, concelho da Calheta, na zona oeste da ilha da Madeira, tendo alastrado durante a noite à freguesia contígua da Fajã da Ovelha e, posteriormente, às freguesias da Ponta do Pargo e das Achadas da Cruz, esta já no concelho do Porto Moniz, onde lavra agora com mais intensidade.

Durante a tarde, deflagrou outro incêndio no concelho de Câmara de Lobos, contíguo ao Funchal a oeste, numa área florestal, no sítio da Vera Cruz, freguesia da Quinta Grande, que permanece ativo. “Durante o dia de hoje será ativado o Plano Regional de Emergência e Proteção Civil”, indicou o secretário regional, adiantando, por outro lado, que ainda está a ser feito o levantamento do número de pessoas e bens afetadas pelos incêndios.

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O presidente da autarquia, Pedro Coelho, informou que o incêndio que deflagrou às 17h numa zona florestal da Quinta Grande está a descer e a dirigir-se para uma área mais urbana.

O incêndio está a descer e pode ameaçar moradias. Ainda está longe e não há vento, o que é bom, mas vem na direção mais urbana”, disse o autarca à agência Lusa.

O Governo da Madeira declarou entretanto a situação de contingência devido aos incêndios que lavram na região, ativando, assim, o Plano Regional de Emergência de Proteção Civil, anunciou em comunicado o Serviço Regional de Proteção Civil.

Tendo em conta as dimensões e duração dos incêndios que deflagram na Região Autónoma da Madeira e considerando que foram ativados dois planos municipais, Calheta e Porto Moniz, foi emitida pelo secretário regional de Saúde e Proteção Civil declaração de situação de contingência, a qual ditou a ativação automática do Plano Regional de Emergência de Proteção Civil da Região Autónoma da Madeira”, lê-se numa nota enviada às redações.

O comunicado indica que foram acionadas às 21h00 desta quinta-feira “as estruturas de coordenação política e institucional, nomeadamente a Comissão Regional de Proteção Civil, presidida pelo secretário regional de Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, assim como o Centro de Coordenação Operacional Regional, coordenado pelo Comandante Operacional Regional, Marco Lobato, de modo a garantir a unidade de direção e o controlo permanente da situação”.

Pedro Ramos disse que no Porto Moniz houve oito atendimentos relacionados com os fogos. “Um utente com queimaduras que foi reencaminhado para o Hospital Dr. Nélio Mendonça [no Funchal], três utentes que manifestavam alguma ansiedade e foram tratados perante essa situação, ainda a situação de um bebé por inalação de fumo e ainda mais três situações ligeiras”, explicou.

Uma casa devoluta e outra não habitada foram destruídas pelas chamas na Calheta, sendo que as autoridades procederam hoje à retirada de 40 utentes de um lar de idosos, no concelho do Porto Moniz, e encerraram uma escola na freguesia da Fajã da Ovelha, bem como o centro de saúde da localidade e a casa do povo.

O centro de saúde da freguesia das Achadas da Cruz também foi encerrado, ao passo que na quarta-feira foram retirados 120 hóspedes de um hotel na freguesia dos Prazeres, que pernoitaram no pavilhão gimnodesportivo da localidade e hoje foram encaminhados para outro hotel.

Embora não tenha sido mencionado no balanço apresentado pelo secretário da Saúde e Proteção Civil, a Câmara Municipal da Calheta indicou, em edital, que “muitos residentes” foram forçados a abandonar as suas casas “em busca de segurança”.

O presidente do município disse esta quinta-feira que mais de metade do concelho da Calhete já ardeu devido ao incêndio, indicando ainda que há a registar uma pessoa desalojada.

Números avançados pela Proteção Civil indicam que já arderam 70 quilómetros quadrados do concelho. O concelho tem 116 quilómetros quadrados, já ardeu mais de metade”, disse Carlos Teles, frisando que esta é uma situação que “está sempre a evoluir”.

Pedro Ramos indicou que o combate aos incêndios mobilizou todas as corporações de bombeiros da ilha da Madeira, sendo que o fogo no concelho da Calheta envolve 84 operacionais e 26 meios, o do Porto Moniz 26 operacionais e 11 meios e o de Câmara de Lobos 17 operacionais e cinco meios.

De acordo com o governante, a equipa de 55 elementos disponibilizada pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, que chega na sexta-feira à região, ficará instalada no Regimento de Guarnição N.º 3, no Funchal. Pedro Ramos referiu ainda que já foi identificado um suspeito de ter ateado um fogo no concelho da Calheta.

A eurodeputada madeirense Sara Cerdas, eleita pelo PS, considerou que o Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP) devia ter sido mais célere no pedido de ajuda ao executivo da República para combater os incêndios que lavram na região.

Perante as condições atmosféricas, o terreno, o alastrar das chamas, o Governo Regional da Madeira deveria ter sido mais célere no pedido de ajuda ao Governo nacional. Há decisões que não podem ser adiadas, tudo tem que ser feito para evitar colocar as populações em risco”, afirma Sara Cerdas, numa declaração enviada à agência Lusa.

De acordo com o Serviço Regional de Proteção Civil da Madeira, desde o dia 4 de outubro foram registados vários focos de incêndios nos concelhos da Ribeira Brava, Ponta do Sol, Câmara de Lobos e Calheta, todos localizados na zona oeste da ilha.

O arquipélago da Madeira encontra-se em aviso meteorológico laranja desde a semana passada devido à persistência de valores elevados da temperatura máxima, que diariamente ultrapassa os 30 graus. A situação vai prolongar-se até às 18h00 de sábado.