Os socialistas europeus decidiram esta quinta-feira suspender os dois partidos eslovacos da sua família política, o SMER e o HLAS, depois de o líder do SMER, Robert Fico, ter anunciado uma coligação de governo com a extrema direita, na sequência das eleições da semana passada. A decisão do Partido Socialista Europeu foi unânime e o grupo parlamentar europeu vai também avançar com a suspensão, já na próxima semana, dos três eurodeputados dos dois partidos que se sentam na sua bancada no Parlamento Europeu. Costa já tinha ameaçado, há uma semana, que a aliança do SMER à extrema-direita teria consequências.

Robert Fico teve 23% nas legislativas e acabou por anunciar um entendimento com o outro partido do centro-esquerda (que no passado resultou de uma dissidência do SMER, o HLAS), mas também com os nacionalistas do SNS. Numa nota enviada esta quinta-feira à comunicação social, os Socialistas & Democratas (S&D) saudaram a decisão “unânime” da presidência do PES e justificam este passo como “uma reação à formação de uma coligação de governo na Eslováquia com o partido de extrema-direita nacionalista SNS”.

“O memorando de entendimento assinado pelos três partidos não é compatível com os valores progressistas e os princípios da família europeia de socialistas e sociais-democratas”, consta ainda na mesma nota. Em causa estão sobretudo as posições públicas, tanto do líder do SMER como do líder do HLAS, segundo a mesma nota, sobre a invasão russa da Ucrânia. Mas também sobre migrações, o Estado de Direito e a comunidade LGBTIQ. Estes tópicos “levantaram sérias preocupações” entre socialistas europeus que concluíram que os dois partidos “não têm lugar na família progressista”.

Costa escreve carta ao presidente dos socialistas europeus a exigir saída de Fico caso se alie à extrema-direita

A campanha eleitoral já tinha sido clara, com a retórica de Fico a chocar socialistas, nomeadamente as afirmações pró-Kremlin e de defesa do fim do apoio europeu à Ucrânia. Ainda na semana passada, o presidente do PES, Stefan Löfven, veio lembrar que o partido “apoia a Ucrânia e espera que os membros continuem a fazer isso mesmo”. E ameaçou o partido de Robert Fico com a expulsão caso “a retórica” anti-Ucrânia continue e “comece a ser implementada pelo Governo” que vier a ser formado.

Nessa semana, o líder do PS, António Costa, escreveu a Löfven a traçar “uma linha vermelha”: “Vemos como impossível que qualquer membro da nossa família política entre numa coligação com a extrema-direita”. Na carta que o Observador noticiou, Costa acrescentava ainda a necessidade de o PES “acompanhar de perto as declarações e políticas, bem como os direitos das minorias e política de migração onde os direitos humanos e da solidariedade devem ser mensagens-chave”. E também “continuar a garantir a condenação da Rússia como agressor da Ucrânia”.

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