A economista e professora universitária Sandra Maximiano terá sido a escolhida para assumir a presidência da Anacom, o regulador das comunicações em Portugal. A informação, partilhada primeiro pelo comentador Luís Marques Mendes no habitual espaço de comentário na SIC, foi entretanto confirmada pela economista ao Eco. Ao Observador, a economista também confirmou que recebeu o convite, mas notou que há todo um processo ainda em curso.

“A escolha do Governo é a professora Sandra Maximiano, uma economista muito prestigiada do ISEG [Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa], colunista, de resto, também no Expresso de economia”, anunciou o comentador da SIC. De acordo com Marques Mendes, a proposta já terá sido feita à economista.

Há ainda alguns passos necessários para que haja um sucessor oficial a João Cadete de Matos, cujo mandato na Anacom terminou em agosto. É preciso haver um parecer, que não é vinculativo, por parte da CReSAP, a Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública. Até ao momento, ainda não foi possível obter mais informação por parte deste organismo sobre este processo.

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É ainda necessária uma ida ao parlamento, para uma audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação. Ao que o Observador apurou, até ao momento, não chegou qualquer informação à comissão sobre esta possível nomeação. Também não haverá ainda indicação sobre a data de audição. Só depois de ouvir a candidata é que a Comissão emitirá um parecer.

Contactado, o Ministério das Infraestruturas, que tutela a área das comunicações, diz não ter comentários a fazer à informação avançada por Luís Marques Mendes.

Um perfil ligado à academia e sem ligação aparente às telecomunicações

O perfil de Sandra Maximiano está fortemente ligado à área da economia e ao mundo académico. Descreve-se como uma economista que “raramente” escreve “sobre a dívida e o défice”, preferindo conduzir “antes experiências para analisar o comportamento dos agentes económicos”.

Atualmente, dá aulas no ISEG, em Lisboa, na área científica de Economia Pública e do Bem-Estar, e é co-coordenadora do XLAB Behavioural Research Lab, um laboratório no seio do ISEG, que explora “a tomada de decisão nas áreas da economia, política e comportamento social”

O início do percurso académico foi feito em Portugal, mas também conta com experiências internacionais. Licenciou-se em Economia em 1998, pelo ISEG, seguindo-se depois uma passagem de três anos pelo CESIS – Centro de Estudos para a Intervenção Social, no mesmo ano, onde foi investigadora júnior.

Mas rapidamente ultrapassou fronteiras. Em 2002, saiu de Portugal para fazer o doutoramento na Universidade de Amesterdão, nos Países Baixos, e, mais tarde, rumou à Universidade de Chicago, para o pós-doutoramento. Mais tarde, a economista explorou outro ponto dos Estados Unidos: o estado do Indiana. Antes de dar aulas no ISEG, em Lisboa, foi professora assistente na Purdue University, durante mais de sete anos. Viveu mais de uma década fora até regressar a Portugal.

No currículo não há, aparentemente, ligações conhecidas ao setor das telecomunicações, que poderá passar a regular, caso se oficialize esta nomeação para a Anacom.

O nome de Sandra Maximiano surge com regularidade na imprensa para comentar temas da economia. É também colunista, explicando que “escrever opinião é um modo de analisar de fora o que se passa cá dentro”. Colabora com o semanário Expresso desde 2015, onde assina o espaço de opinião “A economia somos nós”, depois de já ter sido colunista no Diário de Notícias, entre 2006 e 2007, e no Jornal de Negócios.

O mandato de João Cadete de Matos terminou a 15 de agosto, após seis anos à frente da Anacom. Já era sabido que se ia manter em funções para lá do fim do mandato, já que durante o verão foi ponto assente que só haveria uma nomeação quando arrancasse a sessão legislativa.

A liderança de Cadete de Matos, que chegou à Anacom em 2017, fica marcada por uma relação atribulada com as três operadoras líderes no setor (Meo, Nos e Vodafone) e por um leilão do 5G mais demorado do que o inicialmente esperado.

Em maio, ainda antes do fim do mandato de Cadete de Matos, os líderes das três operadoras de telecomunicações, pediram no congresso da APDC, um líder com maior capacidade de diálogo com o setor.

Atualizada às 15h07