Inventa, assenta, reinventa, volta a dar. Rui Jorge ocupa há 13 anos o cargo de treinador da Seleção Sub-21 com o condão de encontrar em cada potencial momento de crise por perder A uma oportunidade para poder lançar B. Foi assim que colocou um sem número de jogadores no conjunto principal de Portugal, foi assim que ao mesmo tempo foi levando a equipa a quase todas as fases finais da categoria com duas finais perdidas em 2015 (Suécia, 0-0 e 4-3 nas grandes penalidades) e em 2021 (Alemanha, 1-0). Agora, olhando para como começou nova fase de qualificação para o Europeu, tinha mais um desafio que de forma hábil tem conseguido contornar: como manter a identidade de jogo sem um elemento como João Neves para assumir a batuta a partir do meio-campo? A resposta com a Bielorrússia foi muito positiva, agora seguia-se a Grécia.

Não se tapa a boca a quem respira futebol: Portugal continua invicto na qualificação para o Euro

“É uma equipa de nível superior a Andorra e Bielorrússia, muito agressiva com bola também, com um jogo muito direto que procura a profundidade. Metem muita gente na frente. Acredito que pode ser um jogo mais partido do que o que normalmente temos encontrado e acho que vai ser um bom espetáculo de futebol. Se colocarmos em campo aquilo que são as nossas características, o talento dos nossos jogadores, acredito que ainda assim seremos superiores à Grécia. Mas, mais uma vez, é preciso conseguirmos fazer isso, mantermos a agressividade dos outros jogos, sermos mais serenos e precisos que nos dois jogos anteriores”, comentara aos meios da Federação o técnico nacional, na antecâmara da partida com o segundo do grupo.

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“Há ainda muitos pontos em disputa. A vitória será um bom passo, obviamente. A Croácia e a Grécia perderam pontos e nós gostaríamos de continuar só com vitórias, mas eles também querem vencer. Há que voltar à estaca zero e fazer aquilo para o que treinamos e que tentamos que seja a nossa postura constante em qualquer jogo. Resolver a questão o mais cedo possível? Isso traduz uma atitude. Quando os jogadores falam nisso tem que ver com a atitude dentro de campo desde o primeiro minuto, com intensidade e concentração. É essa forma de estar que queremos, marcar cedo, mas ainda assim o jogo não fica resolvido por isso”, acrescentara, no lançamento da quarta partida depois de três vitórias com 14-1 em golos.

Até aqui, tudo pareciam ser apenas facilidades neste percurso com uma nova geração face a uma Andorra e uma Bielorrússia que pouco mais conseguiram fazer do que evitar sofrer mais golos. Também por isso, o duelo com os helénicos surgia como um teste um pouco mais “a sério” ao que a equipa poderia fazer nesta fase de qualificação. Mais uma vez, foi passado e com distinção. E se Francisco Conceição, agora capitão, voltou a ser uma das principais figuras com o pai e treinador Sérgio nas bancadas do Dom Afonso Henriques, Rodrigo Gomes teve outra demonstração de como um potencial ala com futuro vai dar um ainda melhor lateral: marcou, ganhou o penálti de 2-0, deu profundidade e largura ao jogo de Portugal, visou sempre que possível a baliza contrária em mais uma exibição a justificar a aposta do Estoril com o jogador cedido pelo Sp. Braga. Roberto Martínez, também em Guimarães, tem ainda mais razões para sorrir…

Com duas alterações em relação ao jogo com a Bielorrússia em Barcelos, com as entradas de Vasco Sousa e Carlos Borges para as saídas de Dário Essugo e Henrique Araújo abrindo mais a ideia do 4x3x3, Portugal só precisou de 35 segundos para criar a primeira ocasiões numa jogada que passou por Borges, teve depois o passe a desequilibrar de João Marques e acabou com Fábio Silva a desviar ao lado de cabeça o cruzamento de Francisco Conceição. Uns minutos depois, o mesmo Fábio Silva teve outro lance pelo ar depois de mais um cruzamento de Vasco Sousa para defesa de Tzolakis (4′). A Grécia tinha outra capacidade com bola em comparação com os primeiros adversários nacionais mas o jogo em posse e com muitos passes de Portugal ia conseguindo fazer a diferença até ao golo inaugural que deu a vantagem ao intervalo, numa jogada que passou por todas as unidades da frente até à “bomba” do agora lateral direito Rodrigo Gomes (26′).

No segundo tempo, Rui Jorge trocou a ala esquerda com as entradas de Leonardo Buta e Tiago Morais e a cadência de jogo ofensivo da Seleção manteve-se inalterada, com Francisco Conceição a ter uma bola na trave no recomeço que deixou o técnico a pedir a assistência para Fábio Silva que estava isolado na área (50′). O segundo golo parecia uma questão de tempo mas foi demorando a chegar entre uma defesa de Tzolakis após bom trabalho de Tiago Tomás (69′) e um desvio de Francisco Conceição que passou pouco por cima depois de um cruzamento de Tiago Morais (70′) até ao aparecimento de uma grande penalidade por “atropelamento” a Rodrigo Gomes na área que o extremo do FC Porto aproveitou para fazer o 2-0 (74′). Numa das poucas oportunidades a Grécia ainda marcou por Kosidis mas o golo foi anulado e o resultado não voltou a mexer.