O BE/Lisboa pediu hoje a retirada da proposta de financiamento de sete milhões para a Web Summit, agendada para a reunião extraordinária da Câmara Municipal de quarta-feira, considerando que a sua aprovação “seria má gestão de dinheiros públicos”.

“Os pressupostos da propostas não estão cumpridos”, lê-se numa nota do BE, salientando que este fim de semana “o presidente da Câmara Municipal de Lisboa não foi capaz de garantir que o evento se irá realizar e em que moldes”.

No sábado, o cofundador da Web Summit Paddy Cosgrave demitiu-se do cargo depois de várias empresas cancelarem a participação no evento, que decorre entre 13 e 16 de novembro na capital portuguesa, na sequência de afirmações que fez sobre o conflito que envolve Israel e a Palestina.

No dia seguinte, em declarações à comunicação social, o presidente da Câmara de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas, escusou-se a comentar a saída de Paddy Cosgrave e salientou que a Web Summit é um evento de tecnologia “importantíssimo para a cidade” e “não é um evento de política ou geopolítica”.

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“Neste momento, aquilo que nós temos de fazer é trabalhar para que o evento corra bem, porque é um evento importantíssimo para a cidade, mas é um evento que é feito por um operador privado, que envolve também o Estado português”, disse, assegurando que “separa as coisas” e distingue “aquilo que é o fundador e o que é a empresa”.

Carlos Moedas reforçou ainda querer “muito que esta Web Summit aconteça, que aconteça em boas condições” e, por isso, o município continuará “a trabalhar para isso”.

No comunicado divulgado esta segunda-feira, o BE justifica o pedido feito pela vereadora bloquista Beatriz Gomes Dias de retirada da proposta agendada por Carlos Moedas para a reunião extraordinária do município de quarta-feira argumentando que se trata de um evento que o autarca ainda estará a pensar como irá decorrer.

“A aprovação de sete milhões de euros para um evento em que Carlos Moedas ainda estará ‘a pensar na forma como a Web Summit irá decorrer’ seria só má gestão de dinheiros públicos, mais ainda quando esse dinheiro poderia ser usado na construção de quatro creches para 300 bebés ou na recuperação de duas escolas básicas melhorando a vida de cerca de 250 crianças“, lê-se na nota do BE.

Já esta segunda, fonte oficial disse à Lusa que a Web Summit vai contar com “mais de 300 parceiros”, alguns dos quais que estavam a ponderar a presença regressaram ao evento “e reverteram a sua decisão”.

Depois da onda de críticas, Paddy Cosgrave pediu desculpas, o que não impediu que várias empresas cancelassem a sua participação na Web Summit.

Entre as empresas que anunciaram, na altura, o cancelamento, estavam a Amazon, Meta, Google, Intel, Siemens e investidores israelitas que já tinham anunciado antes que não participariam no evento.

Ainda de acordo com a organização, desde esta manhã as equipas da Web Summit já estão no local onde decorrerá o evento para montar e preparar o espaço. Entretanto, a Web Summit vai nomear um novo CEO (presidente executivo), mas ainda não há data marcada para o anúncio.

O grupo islamita Hamas lançou em 7 de outubro um ataque a Israel que fez cerca de 1.400 mortos. Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte no abastecimento de água, combustível e eletricidade. O conflito já causou a morte de pelo menos 4.385 palestinianos na Faixa de Gaza, de acordo com os números divulgados pelas autoridades de saúde de Gaza.