O presidente de Penafiel disse esta quinta-feira estar “apreensivo” com o encerramento da urgência de obstetrícia e do bloco de partos do hospital Padre Américo, naquela cidade, que serve meio milhão de pessoas do Tâmega e Sousa.
“Estamos a acompanhar a situação com muita apreensão, porque o encerramento de qualquer urgência é sempre uma circunstância que gera grande preocupação na comunidade. Mas estamos a falar de uma área que é sensível, a área da obstetrícia e da ginecologia”, afirmou Antonino Sousa, em declarações à agência Lusa.
Desde quarta-feira, o hospital de Penafiel tem “encerrado para o exterior até novas indicações”, o bloco de partos e a admissão para o serviço de urgência de obstetrícia e ginecologia.
A decisão do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, sediado em Penafiel, decorre da “indisponibilidade de médicos que permitam completar as escalas de urgência”.
Os utentes têm a indicação que devem “procurar o atendimento, para aquelas situações, no Hospital de São João, no Porto”.
O hospital de Penafiel, juntamente com o de Amarante, no distrito o Porto, integra o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), responsável por assistir uma população de quase 600 mil habitantes que residem naquele território, constituindo a segunda maior urgência do norte do país.
Já no dia 3 de outubro, o hospital de Penafiel tinha solicitado o “desvio de doentes da urgência externa”, por não conseguir reunir o mínimo de especialistas em cirurgia geral devido à recusa dos médicos em fazer mais horas extraordinárias.
O presidente da Câmara de Penafiel recorda esta quinta-feira que a situação ocorre numa das regiões mais jovens do país, onde, notou, se regista “um número de pactos bastante significativo, que vai contrapondo o inverno demográfico que vive o país”.
Disse, também, ter conhecimento de que a urgência de pediatria “só tem escala para mais 12 dias”, o que significa, “provavelmente que, daqui por 12 dias, será também a pediatria a estar encerrada”.
“Isto é verdadeiramente preocupante, isto é exatamente aquilo que nunca devia acontecer”, acentuou, considerando que o que se passa no país, com a questão das urgências, traduz “um caos na área da saúde”.
Lamentamos que não exista por parte do ministério e do SNS capacidade para encontrar soluções e pôr cobro este caos na área da saúde, que gera um alarmismo social muito grande”, declarou Antonino Sousa.
O autarca anunciou, entretanto, que está prevista para sexta-feira, às 20:30, junto ao hospital Padre Américo “uma manifestação da sociedade civil para dar nota da preocupação que toda a população está a viver”, face ao problema da urgência hospitalar.
“É uma questão que nos deve mobilizar a todos”, anotou, referindo que estará presente nessa manifestação.
Mais de 30 hospitais de norte a sul do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos.
Em causa está a recusa de mais de 2.500 médicos em fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.
Esta crise já levou o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, a admitir que novembro poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.
As negociações entre sindicatos e Governo já se prolongam há 18 meses e há nova reunião marcada para sábado.