A EDP apresentou lucros de 946 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, valor que compara com 518 milhões de euros em igual período do ano passado. O disparo de 83% é atribuído pela empresa a um conjunto de fatores com destaque para retoma da produção hídrica em Portugal, que cresceu 61%, depois de em 2022 ter estado fortemente condicionada pela seca.

Há ainda a considerar para estes resultados, mais-valias geradas a partir da venda de ativos renováveis em Espanha e na Polónia e uma maior fatia dos resultados recorrentes no Brasil, na sequência da oferta lançada sobre a EDP Brasil. A penaliza estes resultados esteve uma imparidade (perda) nas contas para a vendada central a carvão de Pecém no Brasil. Sem esse efeito, o lucro nos primeiros nove meses teria ultrapassado os mil milhões de euros.

Em 2022, a operação da EDP foi muito afetada não só pela seca na Península Ibérica do lado da produção, mas também pela escalada dos preços grossistas da eletricidade que a empresa demorou algum tempo a passar para os clientes finais, gerando perdas que levaram mesmo os resultados do primeiro trimestre para valores negativos.

Até setembro, a margem operacional recorrente (EBITDA) cresceu 26% para os 3.830 milhões de euros, à boleia da produção hidroelétrica. Já a margem das operações de sol e vento baixou 4% devido a recursos eólicos abaixo dos de 2022 e à descida dos preços da eletricidade no mercado grossista.

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No comunicado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, a EDP sublinha o forte investimento na transição energética que representou 97% do investimento bruto de 4,2 mil milhões de euros (3,8 mil milhões de euros líquidos) até setembro. A empresa tem 5,2 Gigawatts de potência renovável em construção em 19 mercados e em redes de eletricidade. As renováveis respondem por 85% da produção total.

Para prosseguir com o rumo, a empresa deu “passos importantes” como abandonar a produção a carvão até 2025 — a venda da central de Pecém no Brasil e em Espanha a parceria para reconverter para gás natural um dos grupos a carvão e fechar os outros (que aguarda autorização).

A EDP aumentou a dívida líquida em 28% para 16.92o milhões de euros, uma subida que a empresa atribui ao financiamento do défice tarifário gerado no primeiro semestre em Portugal e que foi de 2,2 mil milhões de euros. Este desvio foi parcialmente corrigido com a revisão trimestral de julho. Os custos financeiros líquidos subiram 9% para os 635 milhões de euros por causa do aumento do custo médio da dívida em 60 pontos base para os 4,9%.