A Comissão Regional Africana de Certificação para a Erradicação da Poliomielite (ARCC) aconselhou o Botsuana, Malaui, Moçambique, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, juntamente com parceiros de saúde, a “resolverem urgentemente” as lacunas na imunidade à poliomielite, para prevenir surtos.
A recomendação, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), seguiu-se “a uma semana de intensas discussões entre parceiros, países e membros da ARCC”, que decorreu em Maputo de 31 de outubro a 03 de novembro, sobre a resposta aos surtos de poliomielite em curso na região.
“Os participantes concordaram que, em 2024, será essencial aumentar a escala e o número de rondas de vacinação na região africana, para reconstruir a imunidade e pôr fim a todos os tipos de poliomielite em África”, explicou a OMS.
De acordo com a presidente da ARCC, Rose Leke, já foram confirmados mais de 300 casos de poliomielite na região africana e quase 250 deteções em amostras de águas residuais, pelo que insistiu na necessidade de “intensificar os esforços relativos à implementação de uma vacinação suplementar de qualidade e atempada”, bem como “vigilância, para aumentar a imunidade da população e garantir a deteção precoce de quaisquer vírus circulantes”.
A ARCC notou igualmente, na declaração final, “o grande progresso alcançado” de Moçambique, “juntamente com os vizinhos Zimbabué, Malaui, Tanzânia e Zâmbia na sua resposta às deteções do poliovírus selvagem tipo 1 (WPV1) em Lilongwe (Malaui) e Tete (Moçambique)”.
“Não foram notificados novos casos há mais de um ano, uma vez que o último caso de WPV1 foi confirmado em agosto de 2022. A ARCC incentivou os países a permanecerem vigilantes, a reforçarem a vigilância e a garantirem que a poliomielite selvagem não encontre um lar em África”, referiu ainda a organização.
A ARCC é um organismo independente criado em 1998 para supervisionar o estatuto de certificação da região africana como livre do poliovírus selvagem autóctone.
A ARCC reúne-se duas vezes por ano para analisar os progressos realizados nas atualizações anuais de certificação de países selecionados sobre as atividades de erradicação da poliomielite em todos os 47 Estados-membros da Região Africana da OMS.
Moçambique não regista qualquer novo caso de poliomielite há sete meses, anunciou em 13 de setembro a Direção Nacional de Saúde Pública, dia em que arrancou a nona campanha de vacinação para crianças e adolescentes em dois anos.
Em comunicado, a Direção Nacional de Saúde Pública explicou que aquela campanha de vacinação, a segunda em 2023, aconteceu “pelo facto de o país estar a registar desde o ano passado casos de poliovírus selvagem (oito casos) e derivados de vacina circulante tipo 1 e 2 (33 casos)”, que provocam a poliomielite.
A nona campanha de vacinação contra a poliomielite decorreu durante quatro dias em todas as províncias, destinando-se às crianças e adolescentes menores de 15 anos, tendo como grupo-alvo um total 21.749.477 pessoas.
A poliomielite é uma doença infecciosa sem cura que afeta sobretudo as crianças com menos de cinco anos e que só pode ser prevenida com a vacina. Nalguns casos, pode provocar paralisia de membros.