O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) exigiu esta segunda-feira contratos sem termo para cerca de 60 profissionais em funções no Hospital da Guarda, integrado na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda.
Em conferência de imprensa, realizada frente à sede da ULS da Guarda, o sindicato reivindicou que os contratos a termo incerto de 60 enfermeiros sejam reconvertidos em contrato sem termo.
“Temos profissionais que entraram na altura do covid. Estes contratos foram inicialmente de quatro meses, passaram a termo incerto, mas têm de ser contratos sem termo porque estes colegas estão a satisfazer as necessidades permanentes da instituição”, sustentou Alfredo Gomes, da direção nacional do SEP.
O sindicalista ressalvou que apesar do Conselho de Administração da ULS prever a resolução do problema no Plano de Atividades e Orçamento e “do Ministério anunciar que os hospitais têm alguma autonomia o certo é que continua por resolver, porque depois o governo não aprova os documentos”.
“O Plano para 2023 ainda não foi aprovado”, sublinhou Alfredo Gomes.
O dirigente salientou que são enfermeiros que “são necessários nesta ULS e a qualquer altura podem ir para a rua. É disto que se trata”.
“Temos colegas com filhos, outros que querem casar e comprar casa e não podem. Porque vão ao banco pedir empréstimo e não dão porque não têm emprego. Para todos os efeitos para o banco não têm emprego”, alertou.
Para o SEP esta é uma situação incompreensível tendo em conta que “a ULS da Guarda até necessita de mais enfermeiros do que aqueles que tem”.
“Se precisam de mais enfermeiros não se compreende como é que estes 60 contratos não passam a contrato sem termo e não se contratam mais profissionais”, referiu Alfredo Gomes.
O sindicato destaca que “há milhares de horas extraordinárias gastas na ULS da Guarda” e que há enfermeiros “com 30 e 50 dias de descanso compensatório por gozar porque o serviço não permite”.
E a atual crise nas urgências veio agravar este problema.
“Com o encerramento de serviços aqui na Guarda, há mais transferência de doentes para Viseu, Coimbra e outros hospitais. Aos colegas que fazem esse serviço, é pago o trabalho extra, mais depois têm direito ao descanso compensatório”, descreveu Alfredo Gomes.
Sobre o impacto da luta dos médicos no trabalho dos enfermeiros, o dirigente do SEP disse que “qualquer areia na engrenagem” tem efeito no SNS “que está preso por elásticos” e “se esticar vai rebentar”.
O dirigente do SEP não se quis pronunciar sobre a greve ao trabalho extraordinário convocada por outra estrutura sindical, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), mas alertou que “o enquadramento é diferente dos médicos por causa do modelo de trabalho”.
“Por exemplo, dois enfermeiros que estejam no turno da tarde a fazer horas extra e que decidam adir à greve. O serviço vai ter de ser assegurado pelos que estão de manhã. Não podem abandonar o serviço. Vai ter de seguir turno”, explicou Alfredo Gomes.