A partir do momento em que Marcelo Rebelo de Sousa falar ao país, o relógio de Pedro Nuno Santos começará a contar. A decisão, como era previsível, está mais do que fechada — o socialista vai mesmo avançar com uma candidatura à liderança do PS — e tenciona dar esse sinal esta sexta-feira, anunciando a data e o local da apresentação.
Primeiro, Pedro Nuno quer ouvir o Presidente da República e também a Comissão Política Nacional do PS, que se reúne depois da declaração de Marcelo ao país. Pedro Nuno Santos não faz parte deste órgão do partido (abandonou todos quando se demitiu do Governo) e não vai ao Largo do Rato esta noite, não sendo ainda certo o que se os seus mais próximos que fazem parte da Comissão Política terão alguma participação mais ativa na reunião. Há um ponto que é preciso esclarecer antes de mais que é se António Costa apresenta esta noite a demissão da liderança do partido. Só depois disso é que a candidatura começará a ganhar forma.
“Não estamos num momento para precipitações. Esta situação que vivemos exige de todos muita ponderação e serenidade. Pedro Nuno Santos está a ouvir muitas pessoas dentro do PS e fora dele”, diz ao Observador fonte próxima do socialista, garantindo que este reúne “amplo consenso e apoio no PS e no espaço político do centro-esquerda” e por isso é “natural” que venha fazer “uma declaração pública sobre a situação política atual” nos próximos dias.
“A decisão está tomada há anos”, ironiza um elemento do núcleo mais próximo de Pedro Nuno Santos. “É uma inevitabilidade”, comenta outro socialista próximo. O pedronunismo aguarda agora as próximas movimentações e enquanto se prepara para a próxima etapa, e recebe “centenas de telefonemas” de apoio, segundo um dos seus elementos, começa também a compor-se uma manifestação espontânea de apoio à candidatura do representante da ala esquerda do PS.
Depois de a RTP ter noticiado a existência de uma lista de centenas de assinaturas de militantes socialistas que garantem o seu apoio ao futuro candidato, o Observador confirmou que se trata de uma iniciativa que não foi lançada pelo próprio nem pelos seus mais próximos. “Foi algo orgânico, de iniciativa própria de militantes de lugares diferentes. Não foi organizado pelo Pedro Nuno”, assegura uma apoiante do socialista.
Resta agora esperar pelo desenrolar da Comissão Política Nacional, onde também estará presente o outro protocandidato — o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro — e o PS começará então a definir o seu futuro.