A comissão de ética do Banco de Portugal deve reunir-se na segunda-feira para fazer uma avaliação à conduta de Mário Centeno, depois de António Costa ter revelado que propôs o nome do governador do BdP para primeiro-ministro de um novo governo, noticia o jornal Eco.

Uma fonte garantiu ao mesmo jornal que a comissão em causa está a juntar informação para avaliar o caso, nomeadamente um possível conflito de interesse por parte de Mário Centeno, ainda que, oficialmente, não tenha havido respostas às perguntas dirigidas ao órgão em causa.

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Foi o próprio António Costa que revelou, na primeira vez que falou aos jornalistas após a demissão, que propôs a Marcelo Rebelo de Sousa o nome de Mário Centeno como primeiro-ministro de um novo governo PS com o intuito de evitar eleições antecipadas.

O primeiro-ministro demissionário defendeu que ao PS, como “referencial de estabilidade”, cabia apresentar uma alternativa. Daí ter avançado com o nome de Mário Centeno, para “poupar ao país meses de paralisação” e apresentar uma personalidade com experiência governativa e com “prestígio internacional”, “algo muito importante nesta fase, dado o impacto negativo que estas notícias tiveram no exterior”. Marcelo Rebelo de Sousa recusou um novo governo PS e o ónus da dissolução nos seus ombros, assumindo tratar-se de uma decisão própria.

Após o anúncio surgiram várias críticas da oposição. O líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, disse tratar-se de “mais uma demonstração bastante mais grave da falta de independência do governador do Banco de Portugal”, enquanto Rodrigo Saraiva, líder parlamentar da IL, sugeriu que “o PS acha-se o dono disto tudo e confunde o Estado com o PS e em vez de devolver a palavra aos portugueses vinha com uma solução de secretaria”.

Também Inês Sousa Real, deputada única do PAN, atacou o “bloco central PS-PSD” por considerar que não pode haver a “bipartidarização que tem tomado conta do poder” e falou em “portas-giratórias”, referindo-se ao nome de Centeno, lembrando que “todo o caso que deu origem à crise política vem dar exemplo da necessidade de transparência e de combater os fenómenos da corrupção”.