A qualificação estava longe de ser brilhante, com um modesto 19.º lugar na Q1 que repetiu o registo que tinha feito nos treinos de sexta-feira, a corrida sprint também não melhorou em quase nada o cenário. Apesar de estar numa pista onde tinha essa “pequena vantagem” de conhecer em testes por ter passado por Sepang em fevereiro no arranque de aventura pela RNF Aprilia, Miguel Oliveira não foi além da 18.ª posição este sábado, ficando como a pior das quatro motos em pista da equipa que acabou por não conseguir qualquer ponto (Maverick Viñales, o melhor, foi décimo). No entanto, o português quase parecia antever um registo a este nível, lançando a corrida de domingo à luz de poucas esperanças num resultado com outro impacto.

O passado foi esquecido, o futuro está resolvido, o presente ainda é um problema: Miguel Oliveira termina treinos livres em 19.º e falha Q2

“Ao começar daquela posição na grelha, o nosso objetivo era apenas ter bom ritmo e recolher informações para amanhã [domingo]. É um cenário normal quando estás para trás, tudo se torna mais difícil e não é fácil fazer ultrapassagens para recuperar lugares. É muito difícil ultrapassar em curvas curtas. Será difícil na corrida este domingo, não espero muita evolução até lá, por isso só temos de dar o nosso melhor de início a fim e ver o que podemos fazer”, comentou o piloto português à sua assessoria de imprensa, quase resignado com a impotência não só da moto mas da própria equipa em rivalizar com a concorrência.

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O fim de semana não estava a correr bem a nível de resultados mas foi importante para o português a nível de futuro, por ter fechado a porta à possibilidade de rumar à Honda entre alguns “avisos” à própria equipa da Aprilia. “[Proposta da Honda] Não, não é desapontante. É um negócio, eles olham para oportunidades, tal como nós. Por vezes as nossas expectativas não se enquadram com o que é oferecido, o que ao que o construtor pretende. Não estou desapontado. Eles querem um piloto para um ano e acho que atualmente é muito arriscado fazê-lo. Mesmo sendo o melhor construtor do mundo, com toda a capacidade financeira e humana para construir uma moto e uma equipa forte, diria que, como piloto, quebrar a relação com uma marca e ir para outra sem garantias de futuro é algo bastante difícil”, referiu ao Autosport.

“Todos os pilotos da Aprilia acabam os atuais contratos de dois anos no final do próximo, por isso nessa altura tudo ficará em aberto. Só não vejo como seria possível arriscar tanto sem garantias de futuro. É difícil”, prosseguiu, destacando ainda a posição de Maverick Viñales, outros dos pilotos abordados pela Honda que preferiu focar-se apenas na atual equipa. “É bom de ouvir-se, é bastante bom, e quero que a Aprilia oiça isso, têm de se esforçar se me querem. É sempre bom que, por exemplo, a Honda, uma grande equipa, pense em ti. Significa que estás a fazer um bom trabalho. Mas o meu compromisso, já disse muitas vezes, é com a Aprilia. Tenho contrato para 2024. Para o futuro, não sei, tudo pode acontecer”, acrescentou.

O futuro está tratado, o presente continua a ser um problema e, mais uma vez, o português não conseguiu terminar o Grande Prémio da Malásia, caindo a 15 voltas do final quando rodava num modesto 20.º lugar após um arranque em que não conseguiu ganhar posições como pretendia. Aliás, o fim de semana foi mesmo para esquecer na ótica da Aprilia, que viu também Raúl Fernández e Aleix Espargaró desistirem numa fase inicial da prova e Maverick Viñales a falhar o top 10 da classificação ao ficar em 11.º.

Na frente, Enea Bastianini foi a grande surpresa ao vencer no circuito de Sepang depois de uma época com muitas provas falhadas por motivos físicos que teve agora o primeiro pódio e logo com o lugar mais alto. Na luta particular pelo título, Pecco Bagnaia teve uma pequena “vitória” ao terminar na terceira posição, atrás de Álex Márquez mas à frente de Jorge Martín que acabou em quarto. Contas feitas, o italiano da Ducati passa a somar 412 pontos, mais 14 do que o espanhol da Pramac. Marco Bezzecchi, que ficou no sexto posto, está mais longe da dupla com 323 pontos mas consolidou o terceiro lugar após a desistência de Brad Binder.