Marc Guiu ainda saltou do banco para fazer história na estreia pela equipa principal do Barcelona frente ao Athl. Bilbao mas esse golo que decidiu a partida com os bascos mais não foi do que uma espécie de paliativo para algo que já andava meio torto e não se conseguiu mesmo endireitar. Apesar da instabilidade financeira e por consequência desportiva que marcou o defeso na Catalunha, as entradas de João Félix e João Cancelo no último dia de mercado, a adaptação à equipa de reforços como Gündogan ou Iñigo Martínez ou o lançamento de jovens talentos como Lamine Yamal ou Fermín Torres deram outra cor ao futebol dos blaugrana, que não só iniciaram a Liga na frente apesar das dificuldades como visitante como tiveram três vitórias a abrir a fase de grupos da Liga dos Campeões. Depois, chegaram os problemas. E chegaram até agora.

A forma como o Barça permitiu a reviravolta no clássico com o Real Madrid com um bis de Jude Beelingham, a que se seguiram as críticas de Gündogan perante um balneário que deveria ter sentido mais esse insucesso do que o alemão viu após o encontro, lançou dúvidas sobre a equipa de Xavi Hernández que os encontros seguintes não vieram resolver. No País Basco, com a Real Sociedad, sobrou apenas o resultado com a vitória a chegar nos descontos por Ronald Araújo após uma partida onde os culé foram sempre piores e tiveram em Ter Stegen um autêntico herói na defesa do nulo; esta semana, na Champions, o Shakhtar foi mais forte do que os catalães e ganhou em Hamburgo, lançando dúvidas num grupo que parecia resolvido. Era neste contexto que chegava a receção ao Alavés, já depois dos triunfos de Girona e Real esta jornada.

“Temos de recuperar de dois jogos maus, em que não conseguimos jogar bem. Precisamos voltar a ter boas sensações. O problema está sobretudo no jogo posicional, que nos últimos jogos ficou desordenado. Temos que ser fiéis à nossa identidade e os resultados vão chegar. Agora é o momento do treinador, agora é o meu momento. O problema é mais futebolístico do que mental, bloqueio é porque estamos desordenados. O balneário está bem, são. Podemos não ter jogador bem mas atitude não falta. Crise? Nada disso, nem de perto. Já vivi outros momentos muito piores aqui”, assumiu Xavi Hernández no lançamento da partida, assumindo que seria possível fazer algumas mexidas para dar um “abanão” à equipa para voltar aos triunfos.

A tentativa teórica de revolução começou logo na prática das opções iniciais, com um total de seis mexidas na equipa em relação ao encontro com o Shakhtar de terça-feira: João Cancelo e Iñigo Martínez voltaram à defesa, com o português à esquerda e Ronald Araújo do meio para a direita; Pedri no lugar de Gavi, sem a presença de um ‘6’ puro perante o posicionamento mais recuado de Gündogan; Lamine Yamal, Fermín López e João Félix no apoio a Lewandowski, com Raphinha e Ferran Torres. No entanto, e sobretudo na primeira parte, o Barça foi mais do mesmo nos últimos jogos com a agravante de ter defendido ainda pior em comparação com essas partidas. Lewandowski, que não marcava há seis encontros, bisou para o 2-1 com reviravolta no segundo tempo num jogo em que João Cancelo voltou a ser um dos melhores mas o técnico dos catalães tem muito trabalho pela frente para ir resgatar a tal identidade que se perdeu no tempo.

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O primeiro sinal das alterações promovidas por Xavi Hernández foi tudo menos positivo, bastando apenas 18 segundos para estar em situação de desvantagem: Gündogan teve um erro em zona proibida depois do início de jogo dos catalães, o Alavés foi desenvolvendo todo o desenho ofensivo e Omorodion apareceu na área a desviar de primeira para o 1-0. Os jogadores do Barça olhavam uns para os outros, os jogadores do Alavés davam motivação uns aos outros. E foi assim que, entre um remate sem perigo de João Félix, o avançado de 19 anos cedido pelo Atl. Madrid teve mais duas oportunidades flagrantes de golo, falhando em ambas as ocasiões com remates ao lado em situações de 1×0 com Ter Stegen. Pior era difícil, já com alguns assobios à mistura em Montjuïc num encontro em que a formação visitada procurava a sua redenção.

Lewandowski, após um grande passe de Gündogan por cima da defesa, e João Félix, em mais um remate após diagonal da esquerda para o meio, tiveram dois momentos para testar a capacidade do guarda-redes Antonio Sivera (17′ e 23′) mas o intervalo chegaria com o Alavés ainda em vantagem e até com nova oportunidade para aumentar de forma justa esse avanço, mais uma vez com Samu Omorodion a aproveitar a abordagem completamente falhada de Koundé para se isolar mas atirar por cima (31′). Tudo estava mal: a defesa dava “buracos” como na última época não se viam, o meio-campo jogava devagar-devagarinho sem rasgos que pudessem desequilibrar e o ataque era facilmente anulado pela organização defensiva contrária.

Algo teria de mudar mas Xavi Hernández optou por tentar mexer em dinâmicas e posicionamentos e não em jogadores, o que levaria de forma automática Koundé a ficar no balneário depois da primeira parte que fez. E seria o francês a estar no papel de protagonista no início da reviravolta, com um cruzamento largo a partir da direita para um grande desvio de cabeça de Lewandowski a fazer o empate (53′). O Barça voltava a acreditar, o público voltou a acreditar e o próprio Alavés pareceu deixar de ter tanta crença. Do banco entravam ainda Raphinha, Baldé e Ferran Torres, sendo que João Félix acabou por ser um dos sacrificados quando estava a ser um dos mais inconformados. O jogo ofensivo não melhorou assim tanto apesar de a passagem de João Cancelo para a direita ter logo mexido com os corredores preferenciais mas o 2-1 acabou por chegar de forma natural com Lewandowski a aproveitar uma grande penalidade sobre Ferran Torres (78′).