O Banco Mundial alertou que Timor-Leste enfrenta uma crise de capital humano e é necessária “uma ação urgente” para que as crianças nascidas atualmente no país possam realizar o seu “potencial produtivo na vida adulta”.
O alerta consta do relatório “Aproveitando as oportunidades de uma vida inteira — Revisão do Capital Humano de Timor-Leste 2023”, divulgado na página oficial do Banco Mundial (BM) na Internet.
O documento refere que as “crianças nascidas atualmente no país terão menos de metade da produtividade que poderiam alcançar em adultos caso tivessem completado a sua formação académica” e acesso total a cuidados de saúde.
“De acordo com o Índice de Capital Humano do Banco Mundial, as crianças nascidas atualmente em Timor-Leste realizarão apenas cerca de 45% do seu potencial produtivo na vida adulta”, salienta o organismo.
O relatório adverte igualmente que o Fundo Petrolífero, “motor da economia timorense, corre o risco de se esgotar dentro de uma década, pondo em causa a sustentabilidade da economia de Timor-Leste, bem como dos sistemas de saúde, educação e proteção social”.
“Apesar desta perspetiva desanimadora, existem oportunidades únicas que devem ser aproveitadas já para dar resposta a esta crise”, sublinha o BM, no documento, explicando que há um período de “oportunidade limitado” para construir um capital humano de “alto nível” com educação de qualidade, saúde, nutrição e proteção social.
O ‘boom’ juvenil da população timorense pode tornar-se no motor de crescimento económico, acrescenta.
Para isso, defende a organização, é “necessário racionalizar as despesas no setor público”, “estimular um setor privado” e haver uma melhor coordenação entre as partes interessadas, bem como uma maior “responsabilidade e a criação de sistemas de dados integrados para a elaboração de políticas” de desenvolvimento.
“As elevadas despesas públicas realizadas em termos de capital humano em Timor-Leste não levaram a melhores resultados em termos de desenvolvimento humano, revelando ineficiência nas despesas”, refere o BM.
Para a organização, a despesa “não se traduziu na redução da pobreza ou na melhoria dos resultados do capital humano”, salientando que na Saúde faltam serviços básicos, em que a utilização continua baixa, enquanto na Educação não há respostas, apesar do aumento da procura.