O número de pessoas do concelho de Caminha infetadas com legionella subiu para sete, disse à agência Lusa fonte da Saúde Pública. Segundo aquela fonte da Unidade de Saúde Pública do Alto Minho, o sétimo doente é um homem de 97 anos.

A mesma fonte especificou que cinco doentes estão internados no hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo, e um sexto, um homem de 86 anos, acamado, está a ser acompanhado no domicílio. Segundo a fonte, este idoso de 86 anos foi diagnosticado no hospital de São João, no Porto.

Das cinco pessoas hospitalizadas, uma senhora de 60 anos está internada nos cuidados intensivos, sendo que as autoridades continuam a investigar a origem da infeção.

Em declarações aos jornalistas, o delegado de saúde do Alto Minho, Luís Delgado, disse que a maior parte dos doentes “reside a 500/600 metros” de uma área de Vila Praia de Âncora que está a ser investigada, a par de outras zonas “suspeitas”. “Pode ser uma zona onde exista eventualmente um ar condicionado, um fontanário ou equipamentos de irrigação que possam gerar aerossóis”, explicou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O delegado de saúde notou que existe “uma equipa grande, de saúde ambiental e saúde pública, no terreno a identificar as situações”. “A primeira fase é de suspeita. Depois temos de confirmar se a suspeita se confirma”, observou Luís Delgado.

O responsável acrescentou não poder confirmar se os equipamentos municipais foram já descartados como estando na origem da contaminação. “Há várias suspeitas em Vila Praia de Âncora”, freguesia do concelho de Caminha, no distrito de Viana do Castelo, disse.

Numa informação escrita distribuída aos jornalistas, foi referida a existência de “seis casos notificados”, dos quais cinco internados, “um com alta prevista para hoje [esta terça-feira]”. “Isto tem a ver com os aerossóis, o ar, que contaminou essa doente”, referiu Luís Delgado, acrescentando que “a maior parte dos doentes reside em Vila Praia de Âncora e um em Vilarelho”, e todos “sem relação familiar”.

Quanto aos sintomas da infeção, o delegado de saúde explicou que “é como se fosse uma gripe, com febre, dores de cabeça, tosse ou falta de ar”. “A diferença é que, neste caso, a infeção não é provocada por um vírus, mas por uma bactéria”, acrescentou.

As seis pessoas inicialmente identificadas neste foco de legionella têm entre 52 e 92 anos, indicou à Lusa o presidente da Câmara de Caminha, Rui Lajes. O primeiro caso foi notificado às autoridades de saúde na sexta-feira, sendo que esta terça já foram identificados dois casos.

Também durante o decorrer desta terça-feira, a coligação O Concelho em Primeiro (PSD/CDS-PP/Aliança/PPM), de Caminha, recomendou o encerramento de equipamentos públicos, como as piscinas municipais, para travar a propagação da infeção. Em comunicado, a coligação considera que o encerramento dos equipamentos públicos é uma “atitude responsável”, a par da realização de “análises urgentes”.

“Deveriam ser encerradas imediatamente as piscinas municipais e serem efetuadas as operações de investigação imediata através de análises, desinfeção e limpeza dos espaços. Estamos a falar de um equipamento público que é usado por milhares de pessoas diariamente. Além disso, também se devem descartar as hipóteses dos pavilhões municipais e efetuar o mesmo procedimento”, recomenda-se em comunicado.

Para a coligação O Concelho em Primeiro, “prevenir passa por ter um plano de avaliação de riscos, de manutenção e de ação imediata”. “Encerrar por 24 horas as piscinas municipais, efetuar análises de urgência e verificar a possibilidade de foco de infeção nestes equipamentos era o que já deveria ter sido feito. Nenhuma medida é exagerada quando o que está em causa é a saúde pública. O sucesso no combate aos focos de infeção está sempre na rapidez da resposta e na agilização de procedimentos de mitigação de problemas. É isso que se exige a quem está à frente dos destinos do concelho”, adianta.

Segundo a coligação, “é preferível saber-se amanhã que foram descartadas as hipóteses de o foco ser nas piscinas municipais do que perceber que o surto se descontrolou por falta de ação imediata”.

A doença do legionário, provocada pela bactéria Legionella pneumophila, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.