O presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão (PS), manifestou quarta-feira indisponibilidade para financiar a futura linha de metro que ligará o município a Odivelas, adiantando que o financiamento será feito via Orçamento do Estado.
“Existe uma divergência já manifestada por mim, quer ao senhor primeiro-ministro, quer ao ministro das Finanças, quer ao senhor secretário de Estado [Mobilidade Urbana) de que não existe nenhum documento escrito que veicule o pagamento por parte dos municípios seja daquilo que for”, afirmou o autarca.
Ricardo Leão, que falava durante a reunião pública de Câmara, respondia a dúvidas dos vereadores da oposição relativamente ao modelo de financiamento da futura linha Violeta do Metropolitano de Lisboa, que irá ligar à superfície os concelhos de Loures e Odivelas.
Na segunda-feira, durante o debate na especialidade da proposta do Orçamento do Estado para 2024, o secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, afirmou no parlamento que, no projeto inicial, os municípios de Loures e Odivelas se tinham comprometido a ficar responsáveis pelas obras de inserção urbana complementares ao metro.
No entanto, Ricardo Leão esclareceu que nunca existiu qualquer compromisso com o Governo no sentido de os municípios de Loures e de Odivelas assumirem parte das obras da linha Violeta.
“Era dito pelo Governo que havia um compromisso com o ex-presidente da Câmara Bernardino Soares (CDU), que assumia o pagamento dessas despesas. Não há nenhum documento escrito que diga seja o que for. Eu também já disse aqui que não pagava nada. Que não assumia pagamento nenhum”, sublinhou.
Para reforçar a sua posição, o autarca de Loures evocou o plano de expansão do Metropolitano do Porto, onde também não está previsto nenhum financiamento por parte dos municípios.
“Houve uma fase em que eu manifestei desagrado ao Governo, quando não havia nenhum compromisso e assistindo àquilo que está a acontecer na expansão do Metropolitano do Porto onde, e bem, já se adjudicou a obra, que também subiu para o dobro, e não vi, nem existe nenhum pagamento, seja do que for, por parte dos municípios da Área Metropolitana do Porto que vão ser abrangidos”, argumentou.
Entretanto, Ricardo Leão adiantou que já foi contactado pelo líder da bancada do PS no parlamento, Eurico Brilhante Dias, a dar conta que o financiamento da linha Violeta será feito via resolução do Conselho de Ministros.
“O que me foi dito é que não há necessidade de uma proposta de alteração do partido na especialidade ao Orçamento do Estado porque ela vai ser alvo de acomodação por decisão de Conselho de Ministros no Orçamento do Estado. Assim espero que seja”, apontou.
Na segunda-feira, o secretário de Estado da Mobilidade Urbana informou que o traçado da futura Linha Violeta iria sofrer uma alteração devido à topografia do terreno.
De acordo com Jorge Delgado, a construção desta linha tinha um “valor previsto no Plano Recuperação e Resiliência de 250 milhões” de euros, estando idealizada uma solução de metro de superfície.
“A realidade veio demonstrar que não é possível pela topografia do terreno, portanto, o metro passa a ter do Infantado, passando por Odivelas, até ao [Hospital] Beatriz Ângelo, uma extensão significativa de túnel, o que encareceu bastante a obra, para lá dos 30%”, reconheceu.
Segundo o governante, a obra passou agora para “390 milhões de euros”.
“Estamos, neste momento, a avaliar todos uma forma alternativa de resolver o problema, mas neste momento, temos de ver se estamos em condições de tomar ou não [uma decisão] porque se trata de um grande investimento”, adiantou.
A linha Violeta vai ter um total de 19 estações e cerca de 13 quilómetros de extensão.
Vai servir o concelho de Loures com 11 estações nas freguesias de Loures, Santo António dos Cavaleiros e Frielas, numa extensão de cerca de 7,4 quilómetros, enquanto no concelho de Odivelas ficarão oito estações, nas freguesias de Povoa de Santo Adrião e Olival Basto, Odivelas, Ramada e Caneças, num total de 5,1 quilómetros.
Linha Violeta do Metro sofre alteração do traçado devido à topografia do terreno, revela Governo