O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aprovou esta quarta-feira uma resolução que apela a “pausas e corredores humanitários” urgentes e alargados em toda a Faixa de Gaza. A resolução, da autoria de Malta, recebeu 12 votos a favor e três abstenções: Estados Unidos, Reino Unido e Rússia. A resolução tem um forte ângulo humanitário, com especial destaque para a situação das crianças em Gaza.
Apesar de ser liderado por Malta, este projeto de resolução foi fruto do trabalho dos 10 membros não-permanentes do Conselho de Segurança, que decidiram agir face aos vetos apresentados por membros permanentes aos anteriores quatros projetos que foram a votos e acabaram rejeitados.
Um ponto de discórdia ao longo das negociações foi a linguagem em torno de um “cessar-fogo”, “pausas humanitárias” ou “tréguas”, com a Rússia a posicionar-se a favor do apelo a um cessar-fogo e os Estados Unidos a oporem-se a quaisquer propostas deste tipo.
A resolução agora aprovada “apela a pausas e corredores humanitários extensos e urgentes durante um número suficiente de dias” para permitir a entrega de ajuda humanitária aos civis em Gaza.
O texto, que enfatiza a situação das crianças em quase todos os parágrafos, “exige que todas as partes respeitem as suas obrigações ao abrigo do direito internacional, especialmente no que diz respeito à proteção dos civis, em particular das crianças”.
Também “apela” à “libertação imediata e incondicional de todos os reféns detidos pelo Hamas e outros grupos, especialmente crianças”.
Imediatamente antes da votação, a Rússia propôs uma emenda que pedia “tréguas humanitárias” em Gaza, mas os Estados Unidos — um dos cinco membros permanentes do Conselho — votaram contra.
Também o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, comentou prontamente a resolução, dizendo que “não faz sentido” e que é “desligada da realidade”.
“É lamentável que o Conselho continue a ignorar, a não condenar, ou sequer a mencionar o massacre que o Hamas levou a cabo em 7 de outubro, que conduziu à guerra em Gaza. É verdadeiramente vergonhoso!”, escreveu numa publicação no X, antigo Twitter.
The @UN Security Council’s resolution is disconnected from reality and is meaningless. Regardless of what the Council decides, Israel will continue acting according to int’l law while the Hamas terrorists will not even read the resolution at all, let alone abide by it. It is…
— Ambassador Gilad Erdan גלעד ארדן (@giladerdan1) November 15, 2023
O embaixador disse ainda que “a estratégia do Hamas consiste em deteriorar deliberadamente a situação humanitária na Faixa de Gaza e em aumentar o número de vítimas palestinianas”, de forma “a motivar a ONU e o Conselho de Segurança a deter Israel”. “Isso não vai acontecer. Israel continuará a atuar até que o Hamas seja destruído e os reféns sejam devolvidos”, rematou.