A participação na Liga dos Campeões e a consequente subida do nível competitivo do Benfica tem criado um fosso entre as encarnadas e as restantes equipas do campeonato português (algo que pode ser amenizado com o facto de, na próxima época, outro emblema nacional ter hipóteses de se qualificar para a prova). A realidade é que o clube da Luz não vacilou no arranque, assumiu a liderança e, caso vencesse o Sporting, podia abrir uma distância de cinco pontos, não só para as leoas, mas também para o Sp. Braga e para o Marítimo.

O Benfica, acabado de triunfar contra o Rosengard na Liga dos Campeões, recebia o Sporting no Seixal. No que às competições nacionais diz respeito, desde que os dois rivais se encontraram, na Supertaça, as águias venceram todos os jogos que disputaram. A equipa verde e branca, pelo contrário, justificava o atraso pontual com uma derrota contra o Valadares Gaia e um empate diante do Sp. Braga. Independentemente da situação na tabela, um bom jogo estava garantido já que 12 das 25 convocadas pelo selecionador nacional Francisco Neto para os jogos de Portugal contra Noruega e França estavam distribuídas pelos dois lados.

“Temos algumas particularidades, tanto em termos defensivos como ofensivos, que antes não tínhamos em determinados aspetos, que nos dão mais vantagem e, portanto, temos uma equipa muito completa, que está a crescer. As coisas demoram o seu tempo, não é de uma semana para a outra nem de um mês para o outro, mas temos estado em crescimento e acho que a equipa está preparada para jogar”, disse a treinadora do Sporting, Mariana Cabral. “Penso que vamos trazer toda a nossa energia e sabemos como jogar, penso que poderemos tirar vantagem dos espaços que elas deixam em aberto. Se nos focarmos nisso, no nosso plano de jogo, acho que poderemos sair por cima”.

“Há a questão da motivação e confiança que trazem esses jogos europeus. Sempre disse que estamos mais fortes este ano”, sublinhou por sua vez a treinadora Benfica, Filipa Patão. “Independentemente dos jogos com o Braga e com o Sporting, em que temos de ser competentes e pontuar, temos também de continuar a ser competentes nas outras jornadas que temos na Liga e aí é que vai marcar a diferença – se não perdermos pontos em mais lado nenhum”.

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Todo o favoritismo que o Benfica trazia caiu por terra logo no primeiro minuto. Canto batido na direita do ataque e Diana Silva (1′), no coração da área, deixou para trás a marcação individual de Andreia Norton para inaugurar o marcador e mostrar que o Sporting ia discutir o jogo taco a taco. Nycole respondeu com um remate ligeiramente ao lado da baliza da guarda-redes Hannah Seabert.

O Benfica denotava mais dificuldades em posse do que aquelas que teve, por exemplo, contra o Barcelona, na Liga dos Campeões. Numa saída planeada para o ataque, Anna Gasper e Carole Costa desentenderam-se e perderam a bola. A desconexão passou para as poucas defensores que restavam. Resultado: Cláudia Neto (17′) fez o segundo golo.

O jogo estava a correr na perfeição às leoas. O meio-campo estava particularmente coeso. Joana Martins e Maiara Niehues recuperaram uma quantidade significativa de bolas de modo a estancarem potenciais transições das encarnadas. Num lance em que Jéssica Silva conseguiu atacar a profundidade, Hannah Seabert tentou interceder. No entanto, a norte-americana atingiu a internacional portuguesa, cometendo grande penalidade. Na conversão, mesmo em cima do intervalo, Carole Costa (45+3′) reduziu.

Filipa Patão não jogou todos os trunfo de início. Um Benfica Campus estava repleto de pessoas desiludidas por não verem Kika Nazareth, que se sentou no banco de suplentes. A precisar de uma reviravolta, a treinadora encarnada fez entrar a criativa que decidiu o jogo contra o Rosengard. De qualquer modo, era Mariana Cabral quem tinha a carta mais valiosa para lançar. Ana Capeta (62′) rendeu Cláudia Neto na segunda parte e, pouco depois, marcou o terceiro golo do Sporting. A atacante viu a defesa do Benfica distante e rematou para o fundo da baliza de Lena Pauels.

Se alguém se deslocou ao Seixal para ver a magia de Kika Nazareth, apesar de tudo, não saiu desiludido. A camisola dez do Benfica esteve perto de reduzir num lance em que, com um toque subtil, tirou Ana Borges da frente e tentou a finalização de trivela. Valeu Hannah Seabert. O clube da Luz continua à procura de novo golo. Christy Ucheibe subiu ao ataque para fazer o segundo, mas o lance foi anulado devido a uma falta longe da bola de Marie Alidou sobre Olivia Smith.

O Benfica voltou a estar perto de marcar. Laís Araújo deixou a bola em cima da linha de baliza, mas Hannah Seabert foi lá recolhê-la antes que esta entrasse. Esgotavam-sr aí as ocasiões do encontro. A vitória no dérbi (1-3) confirma as melhorias que as leoas têm apresentado e permite ao Sporting chegar aos 19 pontos, encurtando a distância para a liderança. O Benfica continua no primeiro lugar, mas apenas com mais dois pontos que a equipa de Alvalade.