O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), que participará na 28.ª conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP28), que começa na quinta-feira, pediu esta quarta-feira aos líderes políticos mais esforços na conferência para salvar “um planeta doente”.

“Um planeta doente significa pessoas pouco saudáveis”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, na conferência de imprensa semanal da OMS, sublinhando que irá pedir na COP28, que se realiza no Dubai, medidas mais contundentes dos governos e indústria para acabar com o uso dos combustíveis fósseis e acelerar a transição para energias mais limpas.

Ghebreyesus realçou que o carvão, o petróleo e o gás “são de longe os maiores contribuintes para as alterações climáticas”, sendo “responsáveis por mais de 75% das emissões de gases com efeito de estufa”.

O diretor-geral da OMS adiantou que outra mensagem que levará à COP28 é a da redução das emissões poluentes no setor da saúde, que representam cerca de 5% do total.

“Devemos focar-nos em descarbonizar os sistemas sanitários e, ao mesmo tempo, torná-los mais resilientes ao clima, o que significa fortalecer os seus funcionários e os sistemas de vigilância das doenças que se construíram durante a pandemia da covid-19”.

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Tedros Adhanom Ghebreyesus assumiu que irá pedir na cimeira do clima mais financiamento para a adaptação do setor da saúde à crise climática, uma vez que apenas recebe 0,5% dos fundos da luta contra o aquecimento global.

“O mundo gasta anualmente biliões de dólares de dinheiro público em subsídios para os combustíveis fósseis. Pedimos aos governos e investidores que redirecionem esses fundos para a proteção e promoção da saúde do nosso planeta e das pessoas”, declarou o líder da OMS.

Ghebreyesus lembrou que as mortes de idosos associadas às alterações climáticas aumentaram 70% em 20 anos e que sete milhões de pessoas morrem anualmente devido à poluição do ar, salientando que o aquecimento global está a causar mais surtos de doenças como a cólera.

Segundo o diretor-geral da OMS, o aquecimento do planeta “está a expandir o leque de mosquitos que transportam agentes patogénicos perigosos”, como os vírus chikungunya, zika, da febre amarela e dengue, “para locais que nunca tinham lidado com eles”.

A COP28 dedicará este ano, pela primeira vez, um dia à saúde, no caso o próximo domingo, que terá mais de 50 ministros da Saúde para analisar as consequências da crise climática na saúde humana e as possíveis medidas para contrariá-las.

A COP28, na qual Portugal participará, decorre no Dubai até 12 de dezembro. Os Emirados Árabes Unidos, país que acolhe a cimeira, são um dos maiores produtores mundiais de petróleo.