A OCDE reviu em baixa as projeções para o crescimento português. Espera agora que este ano o PIB aumente 2,2%, contra a anterior projeção de 2,5%.  Para o próximo ano, a estimativa aponta agora para os 1,2% (contra os anteriores 1,5%), antecipando que em 2025 o PIB volte a crescer 2%.

A OCDE alinha assim pela maior parte das projeções, incluindo a do Governo que na proposta de Orçamento do Estado para 2024 aponta para um crescimento este ano de 2,2%. O Banco de Portugal é, assim, e agora, o mais pessimista e o FMI o mais otimista para o crescimento este ano. No terceiro trimestre (segundo dados preliminares do INE, que serão confirmados — ou não — esta quinta-feira), a economia portuguesa registou uma queda no terceiro trimestre de 0,2% face ao trimestre anterior, ou seja, em cadeia. Em termos homólogos o crescimento foi de 1,9%.

Economia portuguesa registou queda de 0,2% no terceiro trimestre

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As projeções da OCDE dão as exportações como o principal fator impulsionador do PIB este ano, ainda que em 2024 já revele um crescimento relevante do investimento (2,9%).

A inflação deverá este ano ficar abaixo da projeção que tinha sido feita em junho. O índice harmonizado deve, nas projeções da OCDE, ficar este ano nos 5,5%, quando em junho apontava para 5,7%. Para 2024 mantém a projeção de 3,3%, avançando para uma projeção de 2,4% em 2025. Ainda assim a OCDE alerta que “o aumento dos custos laborais poderá travar emprego nos salários mais baixos, e os grandes investimentos públicos e os cortes permanentes no imposto sobre o rendimento das pessoas singulares poderão aumentar as pressões inflacionistas em 2024″.

Nas contas orçamentais, a projeção da OCDE aponta agora para uma melhoria, antecipando excedentes para estes três anos. Em 2023 deverá ter um excedente de 0,8%, baixando para 0,2% nos dois anos seguintes (2024 e 2025). Mas só vê a dívida descer abaixo dos 100% em 2025 (98,4%).

“Baixos níveis de confiança das empresas e das famílias, crescimento global modesto e uma grande incerteza estão a travar a atividade, apesar do apertado mercado laboral servir de suporte ao crescimento dos salários e do consumo privado e de o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) conduzir a um aumento do investimento”, antecipa a OCDE, acrescentando que o fortalecimento progressivo da procura externa deverá, por outro lado, fazer aguentar as exportações em 2024-25. Os investimentos associados ao PRR subirão de 0,8% do PIB em 2023 para 1,9% em 2024 e 1,1% em 2025, antecipa a OCDE, esperando um aumento do investimento e consumo público por esta via. Em contraponto, as medidas de ajuda ao período inflacionista deverão começar a ser descontinuadas em 2024.

O investimento público, impulsionado pelo PRR, e a recuperação económica dos parceiros comerciais, que garantem as exportações são dois impactos esperados no PIB nacional. Mas a ainda consistente elevada incerteza mundial e as taxas de juro continuam a pressionar em baixa a atividade. “Apesar da forte evolução nos salários, o crescimento do consumo continuará moderado com o aligeirar do crescimento do emprego e com a manutenção de preços e taxas ainda elevadas”, ainda que o corte nos impostos, o aumento de transferências de apoios sociais e os salários da função pública garantam algum apoio aos rendimentos das famílias — o que no reverso contribuirá para abrandar a diminuição da inflação.

A nível mundial, a OCDE projeta para este ano um crescimento económico de 2,9% e no próximo ano de 2,7%, sendo de 0,6% e 0,9% respetivamente para a zona euro.