A última Assembleia Geral do FC Porto, neste caso Ordinária para votação do Relatório e Contas referente ao exercício da temporada 2022/23, decorreu de uma forma que nada teve a ver com o que se passou na reunião magna extraordinária de dia 23 de novembro mas nem por isso trouxe “novidades” no contexto do universo azul e branco. Logo à cabeça, a “anormal” percentagem de abstenções nas contas que passaram com pouco mais de 50% de votos favoráveis. Depois, o “choque” presencial entre André Villas-Boas, antigo treinador e candidato no próximo sufrágio eleitoral de abril, e Pinto da Costa, líder dos dragões desde 1982. Não ficou por aí e surpreendeu também as “farpas” do atual presidente a Angelino Ferreira, ex-administrador da SAD portista, em contraste com o que aconteceu com os antigos candidatos Martins Soares e Nuno Lobo.

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“Queria ao senhor doutor Martins Soares, que foi meu opositor duas vezes nas eleições, que demonstrou sempre um amor ao FC Porto indiscutível. Tenho muito orgulho em tê-lo tido como adversário pela sua postura sempre ao serviço do FC Porto. O outro adversário que tive nas eleições foi o senhor doutor Nuno Lobo, que marcou aqui presença hoje como portista que é, de facto, e mostrou um sentido de estado, digamos assim, um sentido que não é de terra queimada e absteve-se nesta votação”, referiu Pinto da Costa no discurso que teve na parte final da Assembleia Geral no Dragão Arena que teve cerca de quatro horas.

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“O senhor doutor Angelino Ferreira está muito preocupado com o futuro do FC Porto, sempre esteve. Eu lembro-me, lembrar-se-á também, embora tenha dito já que não, que quando eu tive a ideia em boa hora de avançar com o Museu, disse-me que isso era um tufão que ia passar pelo FC Porto e eu respondi-lhe que tufão só conhecia aquele da telenovela que estava a decorrer nessa altura”, acrescentou ainda nesse mesmo discurso de cerca de dez minutos, antes de visar também a intervenção de André Villas-Boas.

Agora, Angelino Ferreira, que foi rendido na administração da SAD azul e branca com o pelouro financeiro por Fernando Gomes em 2014, respondeu às críticas de Pinto da Costa no jornal Record, dando uma outra versão em relação à construção do Museu do FC Porto que comemora agora o seu décimo aniversário.

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“Talvez o que quereria dizer, mas já não se lembra ou não sabe, é que o Museu custou 12 milhões de euros, sendo que o financiamento foi assegurado com seis milhões provenientes do contrato de sponsorship com o BMG e ainda foi preciso encontrar um modelo financeiro para viabilizar a constrição com outro seis milhões”, explicou o antigo responsável financeiro, adiantando ainda que foi esgotada a possibilidade de ter um fundo europeu que à data estava disponível. “Daí ter sido necessário recorrer a um financiamento bancário que o FC Porto, através do seu representante financeiro naquele momento, e sem a companhia de qualquer diretor ou do presidente, conseguiu obter junto do BES. Talvez o tufão a que o presidente aludiu tenha sido tão violento que acabou por varrer a capacidade de erguer coisas novas”, atirou.

De recordar que Angelino Ferreira, que foi o responsável pelo pelouro financeiro da SAD entre 2010 e 2014, teve uma saída do FC Porto em rutura com os principais nomes por não concordar com o rumo que a gestão dos azuis e brancos estava a levar nessa fase. Mais tarde, em entrevista ao Jornal de Negócios, o antigo responsável frisou que não estaria disponível a voltar ao Dragão “com os atuais dirigentes”. Nesta última Assembleia Geral, Angelino Ferreira votou contra as contas apresentadas tal como André Villas-Boas.