O presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) reconheceu, esta terça-feira, que os constrangimentos nas urgências hospitalares têm um “impacto significativo” na atividade diária de emergência pré-hospitalar de transporte de doentes.
Luís Meira observou, em declarações à agência Lusa, que “mesmo fora destes períodos de constrangimentos” o INEM já tem uma atividade intensa, mas com os problemas que afetam atualmente as urgências por falta de médicos para assegurar as escalas “o volume de serviço tem aumentado”.
Também tem aumentado a necessidade de encontrar o local certo para determinados doentes, o que, às vezes, implica fazer um contacto prévio com os hospitais, disse Luís Meira, à margem da cerimónia da entrega por parte da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) da Medalha Comemorativa “Covid-19 Gratidão” às entidades da saúde envolvidas na pandemia.
A LBP tem alertado para os constrangimentos nas urgências hospitalares, afirmando que estão a causar “transtornos diários aos bombeiros e à população socorrida” e a criar uma “situação limite”.
Como exemplo, refere que há sinistrados que chegam a estar dentro de “uma ambulância de um corpo de bombeiros 30 ou mais minutos a aguardar a indicação” do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM sobre qual o hospital para onde devem ser encaminhados de ambulância.
Questionado sobre esta situação, o presidente do INEM afirmou que, com o aumento do número de constrangimentos nas unidades de saúde, “essa tarefa” de contacto do CODU para os hospitais “torna-se mais difícil”, desde logo pela necessidade de gerir “adequadamente essa informação”.
INEM e São João partilham em tempo real informações de doentes que chegam às urgências
“Também gostaríamos de dar uma resposta imediata perante uma situação (…) mas temos que reconhecer que o volume de serviço tem aumentado e esta necessidade de encontrar o local certo para determinados doentes às vezes implica fazer um contacto prévio com os hospitais”, sublinhou.
Segundo Luís Meira, há hospitais com limitações, mas que em determinadas circunstâncias recebem doentes, sendo isso que “implica, às vezes, uma resposta não tão rápida” como todos gostariam de dar.
Disse também que o CODU está a ter atualmente uma atividade maior devido aos constrangimentos, mas o número de chamadas de emergência médica tem um valor idêntico ao de 2022.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da LBP, António Nunes, adiantou que os bombeiros estão a transportar doentes e sinistrados a 80, 90 quilómetros de distância “com horas de espera à porta das urgências hospitalares”.
António Nunes alertou que esta situação obriga a “um desgaste psicológico” dos bombeiros.
“Por isso, é importante que se perceba que há sempre espaço para o diálogo e aquilo que nós temos vindo a reclamar junto do Ministério da Saúde é que falem connosco. Nós temos soluções para apresentar, para discutir” em conjunto, defendeu.
O presidente da LBP sustentou que, em conjunto, podem desbloquear situações, algumas delas com mais de 10 anos, e lamentou que estejam “a ficar todos muito conformados com o problema”, mas os bombeiros estão “inconformados com esta situação”.
A LBP atribuiu hoje a Medalha Comemorativa “Covid-19 Gratidão” às entidades de saúde que estiveram na linha da frente durante a pandemia, “com o objetivo de agradecer o trabalho excecional” desenvolvido.