Um partia de ânimo renovado depois de uma primeira temporada com novo técnico que foi muito atribulada mas no quadro final não terminou tão mal como se poderia pensar. Outro começava com ânimo renovado, a mudar a parte técnica depois de transfigurar à custa de muitos milhões todo o plantel. À partida para esta temporada, Manchester United e Chelsea eram as duas equipas que mais curiosidade motivavam tendo em conta as mudanças que foram fazendo para se aproximarem de um patamar menos longínquo do que aquele onde estavam depois de terem dominado, em fases diferentes, a Premier League. Quase no final da primeira volta, jogavam em Old Trafford como desilusões da prova a tentar fugir a novo insucesso. Contudo, e por paradoxal que pudesse parecer, quem estava pior na tabela era quem estava menos mal na realidade.

Com uma única vitória nas primeiras seis jornadas entre um mês em que não conseguiu marcar sequer um golo no Campeonato (setembro), o Chelsea de Mauricio Pochettino começou mal e tornou-se quase motivo de paródia dos adeptos rivais depois de mais um mercado de transferências com muitas compras (a única diferença é que também se viu obrigado a vender). Eram os golos falhados de Nicolas Jackson, era o total eclipse de Mudryk, era a falta de adaptação de Moisés Caicedo, era uma defesa que dava tiros nos pés quando não tinha mãos para o necessário. Com o passar das semanas, a realidade foi mudando. À exceção da quebra em Newcastle, os blues tornaram-se mais competitivos, tiraram pontos ao Manchester City e ao Arsenal e foram subindo de forma paulatina na classificação, sendo que a última vitória com o Brighton em Stamford Bridge mostrou como aquela lei de Murphy que assolava a equipa já só aparece muito raramente.

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Já o Manchester United entrou num regime de montanha-russa com mais baixos do que altos. Tão depressa consegue arrancar vitórias “a ferros” como cai numa espiral onde tudo o que pode correr mal, corre ainda pior. Ganha por poucos, perde por muitos e mesmo tendo mais vitórias do que derrotas na Premier League, a sétima posição tinha uma red flag que era o saldo negativo de golos marcados e sofridos. No campo como fora dele, por cada problema ou obstáculo superado continuava a tendência de aparecerem mais dois ou três, sendo que o recente empate na Turquia com o Galatasaray que deixou a vida na Champions muito difícil e o desaire em Newcastle adensaram as críticas e levaram a que surgisse um novo alvo: os jornalistas.

Manchester United afasta quatro órgãos de comunicação social da antevisão de Erik ten Hag

Na antecâmara da receção aos londrinos, o Manchester United decidiu proibir a entrada na conferência de imprensa de Erik ten Hag a quatro meios: Sky Sports, ESPN, Manchester Evening News e Mirror. “Estamos a tomar medidas não por terem publicado artigos de que não gostamos mas porque fizeram sem contactarem primeiro para nos darem a oportunidade de comentar, contra-argumentar ou contextualizar. Acreditamos que este é um princípio importante que deve ser defendido e esperamos que possa levar a uma redefinição da forma como trabalhamos juntos”, explicou o clube. “Deveriam ter vindo até nós primeiro e não ter agido pelas nossas costas, imprimindo artigos. Não é a coisa certa a fazer. Temos uma boa relação. Ouço sempre os meus jogadores e dou-lhes sempre a oportunidade de me dizerem coisas. Se os jogadores têm opiniões distintas, claro que vou ouvir. Tenho a certeza de que estão comigo. Estamos juntos. Não se consegue jogar um futebol tão bom, como fizemos recentemente, sem união”, acrescentou Ten Hag.

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Os supracitados artigos apontavam para uma série de problemas internos que o clube estava a viver, da discordância de vários jogadores em relação aos métodos e à forma como a equipa joga à maneira como o técnico neerlandês geriu o caso de Jadon Sancho. No entanto, e olhando para aquilo que tem sido a época, a única “novidade” foi mesmo a medida tomada pelo clube, que tinha agora outro teste ao tal “futebol tão bom” que Ten Hag defendera sem que se percebesse em concreto a que momento se estava a referir. O jogo do Chelsea, mais do que qualquer outra amostra no passado, deu a resposta que o neerlandês tanto procurava e nem mesmo o primeiro penálti falhado por Bruno Fernandes nos últimos 19 meses foi suficiente para travar o regresso às vitórias na Premier League com um bis do (novamente) salvador McTominay que coroou uma grande exibição do Manchester United, com mais de 25 remates à baliza dos londrinos.

A primeira parte foi um autêntico hino ao futebol entre duas equipas que se jogassem sempre assim não estariam abaixo dos lugares de acesso à Liga dos Campeões. E houve um pouco de tudo: Höjlund obrigou Roberto Sánchez a uma primeira intervenção apertada para canto (3′), Bruno Fernandes desperdiçou uma rara grande penalidade apesar daquele habitual salto antes do remate que não enganou o espanhol (9′), Mudryk aproveitou uma recuperação em terrenos adiantados para atirar ao poste da baliza de Onana (12′), Höjlund voltou a ameaçar Sánchez para nova intervenção (13′). O golo era uma questão de tempo mas podia aparecer em qualquer baliza, sendo que foi mesmo o Manchester United a adiantar-se no marcador com um remate na área de McTominay após ganhar uma segunda bola que fez o 1-0 em Old Trafford (19′).

Os red devils faziam os melhores 20 minutos da temporada (mas de longe…) e não queriam ficar por aí, da mesma forma como nem mesmo a desvantagem alterou a postura positiva do Chelsea em campo. Depois de um período de alguns momentos quase para “respirar”, voltou o carrossel de oportunidades de perigo junto das duas balizas com McTominay a obrigar a nova grande defesa de Sánchez (32′), Nicolas Jackson a atirar para intervenção de Onana (33′), Mudryk a não conseguir de novo marcar num remate dentro da área (36′) e Bruno Fernandes a ficar muito perto de corrigir o penálti falhado com mais uma tentativa que quase deu golo (42′). O intervalo estava à porta mas ainda havia tempo para algo mais, com Cole Palmer, uma das unidades ofensivas dos blues mais apagadas até então, a rematar cruzado e rasteiro para o empate (45′).

A segunda parte mudou e muito aquilo que tinham sido os 45 minutos iniciais, com os guarda-redes a terem muito menos trabalho e com a qualidade de jogo individual e coletiva a cair a pique apesar de uma tentativa de Jackson travada por Onana e um remate em jeito com muito perigo de Antony. Fosse pelo desgaste físico ou pela falta de ideias, ninguém dava mais mas com uma nuance: o Manchester United quis mais. E o United e o próprio McTominay, que surgiu ao segundo poste de rompante para desviar de cabeça para o 2-1 após cruzamento da esquerda de Garnacho (70′), sendo que seria o argentino a desperdiçar também a última grande oportunidade perante um Chelsea que quebrou com o passar dos minutos e não teve reação.