O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), defendeu, esta quinta-feira, “uma verdadeira estratégia de envelhecimento de qualidade”, focada na cooperação, inovação e capacitação, bem como uma resposta de apoio aos cuidadores informais.

Essa estratégia será implementada no âmbito da 3.ª fase do programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades”, rebatizado agora como “Lisboa, Cidade Com Vida Para Todas as Idades”, com a colaboração da câmara municipal, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Polícia de Segurança Pública (PSP), do Instituto da Segurança Social (ISS), da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e da Faculdade NOVA Medical School.

“Acredito que o maior sinal de desenvolvimento de uma cidade é a forma como tratamos dos mais frágeis, dos mais vulneráveis, entre eles os mais idosos, tantas vezes abandonados, esquecidos e isolados. Não nos esqueçamos deles. Os mais idosos são hoje os nossos pais, avós, e amanhã seremos nós”, declarou Carlos Moedas.

No âmbito da assinatura do protocolo para dar continuidade ao programa, que decorreu nos Paços do Concelho, o autarca lembrou que a Comissão Europeia, em 2019, colocou Lisboa como a capital mais envelhecida da União Europeia, “e os resultados do Censos de 2021 confirmam o crescimento da população idosa”, com cerca de 127.000 pessoas, correspondendo a “23% da população”.

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Estimando “uma duplicação” do número de pessoas idosas em Lisboa até ao final deste século, o presidente da câmara afirmou que o envelhecimento é “um enorme desafio” e deve ser “uma prioridade máxima nas políticas”.

Carlos Moedas realçou a construção de um estado social local em Lisboa, o que inclui trabalhar em conjunto com as instituições que intervêm nesta área, destacando a implementação do plano de saúde Lisboa 65+, que tem mais de 13.000 idosos inscritos, e os transportes públicos gratuitos para os mais velhos, medida que tem contribuído para contrariar o isolamento.

Em termos de cooperação, o programa “Lisboa, Cidade Com Vida Para Todas as Idades” vai contar com um centro local de informação e coordenação, que vai permitir atuar no terreno e implementar medidas, juntando todos os parceiros e os que estão próximos das populações, nomeadamente as juntas de freguesia.

No eixo da inovação, o presidente da câmara destacou o serviço de teleassistência, esperando “chegar aos 2.000 idosos, que serão abrangidos até 2026”, para que “possam viver e envelhecer em casa com o conforto, dignidade e segurança”.

O autarca realçou ainda o prémio que Lisboa recebeu como Capital Europeia da Inovação 2023, no valor de um milhão de euros, indicando que vai utilizar parte desse montante para criar um prémio de inovação social.

O social-democrata anunciou também a criação de um centro de capacitação para os cuidadores informais, como “o passo que nunca foi dado” para ajudar essas pessoas, inclusive para que possam ter tempo de férias, formação, apoio psicológico ou apoio jurídico. “Há profissões muito duras, mas ser cuidador informal é muito difícil”, frisou.

De acordo com a provedora da SCML, Ana Jorge, Lisboa tem “muitos problemas de envelhecimento e das condições de vida das pessoas face a ser uma cidade antiga”, e o desafio é que os idosos possam viver com qualidade, “para que se sintam pessoas até ao seu fim”.

O programa “Lisboa, Cidade Com Vida Para Todas as Idades” incide na vida ativa e na vida autónoma, indicou Ana Jorge, manifestando preocupação com o idadismo, por considerar que se deteriorou a relação com os mais velhos.