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Entre a velocidade a mais, esqueceram-se da marcha atrás (a crónica do V. Guimarães-Sporting)

Este artigo tem mais de 6 meses

Leões fizeram o mais difícil, falharam o mais fácil e caíram no Dom Afonso Henriques contra uma equipa guerreira enquanto esperavam pelo sinal de um qualquer Dom Sebastião que nunca apareceu (3-2).

Sporting sofreu em Guimarães a segunda derrota consecutiva fora para a Liga depois do desaire na Luz frente ao Benfica
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Sporting sofreu em Guimarães a segunda derrota consecutiva fora para a Liga depois do desaire na Luz frente ao Benfica

Sporting sofreu em Guimarães a segunda derrota consecutiva fora para a Liga depois do desaire na Luz frente ao Benfica

As paragens para compromissos das seleções após uma derrota no Campeonato é o pior pesadelo para todos os treinadores que lutam pelo título. No caso do Sporting, tendo em conta também a forma como deixou fugir a vitória no dérbi contra o Benfica para um desaire nos descontos, ainda pior seria. No entanto, como existe em todas as regras, há exceções. O caso dos leões, que saíram emocionalmente arrasados da Luz pela forma como um potencial avanço de seis pontos se tornou um empate na classificação entre os primeiros, foi uma dessas exceções. Porque goleou o Dumiense na Taça de Portugal num bálsamo que deu para tudo, porque não escorregou na receção ao Gil Vicente para o Campeonato, porque foi vendo os adversários diretos terem deslizes atrás de deslizes. Era assim que, em caso de triunfo num dos campos mais complicados, o conjunto verde e branco ficava com mais quatro pontos do que o Benfica e três a seis do FC Porto antes do clássico.

V. Guimarães vence Sporting com reviravolta e leões podem ser alcançados pelo FC Porto antes do clássico

“Terminar à frente o ano civil? O que interessa é ganhar ao V. Guimarães. Olhando para o nosso calendário, sabemos que há sempre jogos difíceis num Campeonato muito complicado onde já se provou que todas as equipas podem perder pontos. Não há nada mais além do V. Guimarães. Pensamos jogo a jogo mas temos um objetivo claro no final, não precisamos de estar sempre a falar nisso. Vamos ter um jogo onde vamos ter de sofrer, se tivermos essa capacidade sempre que o Vitória fizer uma transição, num estádio onde é sempre difícil jogar mas é sempre incrível, pela paixão dos adeptos. Avanço antes do jogo com o FC Porto? Não olho muito para os rivais porque já tinha saudades de não estar preocupado com o que acontece nos outros jogos. Há fases e fases na época, agora estamos bem mas temos que jogar melhor. Neste jogo precisamos de uma velocidade acima”, apontara Rúben Amorim, ainda antes do empate do Benfica frente ao Farense na Luz.

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Por mais do que uma vez, o técnico foi alertando para todo o potencial de V. Guimarães, que com a entrada de Álvaro Pacheco após Paulo Turra teve uma metamorfose em termos coletivos que foi permitindo subir posições até ao quinto posto entre dificuldades extra criadas aos candidatos ao título como aconteceu com o FC Porto (1-2). Em paralelo, jogava com outros contratempos que seriam um teste extra ao rendimento da equipa, do castigo de Sebastian Coates a mais uma lesão de St. Juste, passando ainda para as ausências de Daniel Bragança e Fresneda. Mais: jogava com um outro dado “anormal” para um candidato ao título, que passava pelo rendimento de Adán na baliza na comparação entre os remates à baliza e os golos consentidos.

“Não há como mudar essas estatísticas mas nós fazemos a avaliação. Olhar para as estatísticas é curto para entendê-las. O Adán trabalha bem. Falámos do Pote, as estatísticas dizem que está num rendimento inferior. Análise ao Adán é igual à dos outros. Contra o Gil Vicente quase não deixámos rematar e ele sofreu um cabeceamento quase em cima dele, falhámos na marcação. Ausência de Coates? Toda a gente tem que se chegar à frente, não só o Hjulmand. A equipa tem de crescer nesse aspeto. O Seba não jogou também em jogos importantes no ano passado, no jogo frente à Atalanta em casa sentimos o nervosismo de querer dominar e quando ele entrou, tudo acalmou. O Seba não será eterno mas também não está para acabar. Um clube como o Sporting não pode ser dependente de um só jogador e os restantes estão preparados para isso”, assegurou, deixando mais uma vez de lado a possibilidade de fazer qualquer tipo de troca na baliza leonina.

Entre tudo isso, este era um encontro do “mais”. Mais uma velocidade para poder estar acima do adversário nas transições, na agressividade com e sem bola e na intensidade. Mais presença e liderança em campo com o principal timoneiro de fora do eixo central. Mais capacidade de travar os calafrios sofridos em lances de bola parada onde os minhotos também apresentavam argumentos fortes. Mais um pouco de tudo.

A vontade era tanta que em determinados momentos até acabou por trair aquilo que foi o jogo do Sporting. A questão da velocidade a mais esteve presente numa equipa que se esqueceu muitas vezes de meter a marcha atrás e evitar ficar tão expostas ao que eram as transições do V. Guimarães, a confirmar o grande momento que atravessa sobretudo pela organização coletiva que construiu e consolidou. Depois, ficou sempre a sensação de um líder à espera de um qualquer Dom Sebastião entre Gyökeres, Paulinho, Francisco Trincão e companhia quando estava em desvantagem no Dom Afonso Henriques. Pedro Gonçalves teve uma exibição acima das últimas parrtidas, Geny Catamo comprovou o porquê de voltar a ser chamado à equipa titular mas a defesa claudicou, da baliza (outra vez) aos centrais. E foi assim que, mais uma vez, um encontro que podia terminar em vitória e primeiro lugar reforçado voltou a deixar algumas dúvidas sobre o futuro.

Ficha de jogo

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V. Guimarães-Sporting, 3-2

13.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Dom Afonso Henriques, em Guimarães

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

V. Guimarães: Bruno Varela; Jorge Fernandes, Borevkovic, Tomás Ribeiro; Miguel Maga, Tomás Händel (Manu Silva, 90+9′), Tiago Silva (Dani Silva, 77′), Ricardo Mangas; Jota Silva (Adrian Butzke, 77′), André Silva (Zé Carlos, 85′) e João Mendes (Nelson da Luz, 77′)

Suplentes não utilizados: Charles, André André, Afonso e Nuno Santos

Treinador: Álvaro Pacheco

Sporting: Adán; Ricardo Esgaio (Nuno Santos, 46′), Diomande, Gonçalo Inácio; Geny Catamo, Hjulmand (Francisco Trincão, 61′), Morita, Matheus Reis; Marcus Edwards (Paulinho, 61′), Pedro Gonçalves e Gyökeres

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Diogo Pinto, Neto, Eduardo Quaresma e Dário Essugo

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Gonçalo Inácio (41′), Tiago Silva (45+7′, g.p.), André Silva (73′), Nuno Santos (77′) e Dani Silva (80′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ricardo Esgaio (17′), Ricardo Mangas (27′), Zé Carlos (89′), Manu Silva (90+4′) e Neto (90+4′)

O início do encontro mostrou um posicionamento diferente daquele que se pensava em relação ao Sporting mas que já antes tinha sido trabalhado por Rúben Amorim, com Ricardo Esgaio a surgir como falso central pela direita e Geny Catamo a fazer toda a ala direita (e não à esquerda, como se poderia pensar). Com isso, tendo Diomande ao meio, Gonçalo Inácio mantinha-se na posição habitual à esquerda e foi aí, no espaço que tinha entre Matheus Reis, que Jota Silva encontrou espaço na profundidade para ser lançado por Maga e atirar cruzado para defesa de Adán (3′). Pouco depois, a resposta do Sporting chegou pelo flanco oposto, com Pedro Gonçalves a acelerar pela esquerda, a puxar a bola para dentro e a rematar para uma intervenção ainda maior de Bruno Varela para canto (8′). O encontro estava bom, estava aberto, estava rápido e estava com os treinadores a mexer, com Álvaro Pacheco a colocar Jota Silva na esquerda para ficar com Esgaio.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do V. Guimarães-Sporting em vídeo]

Aos poucos, o perigo junto das balizas foi-se tornando um filme mais raro. Por um lado, as equipas foram conseguindo um melhor encaixe nas movimentações ofensivas contrárias, ainda que de quando em vez em falta como aconteceu por duas vezes com Ricardo Esgaio até ver o primeiro amarelo do jogo (17′). Por outro, algumas unidades que seriam dínamos com bola no ataque tardavam em aparecer como a equipa precisava como Marcus Edwards e André Silva. Com isso, os minutos foram passando sem mais oportunidades e com as bancadas a tentarem aquecer um ambiente que em campo ficava mais frio e chuvoso à espera que pudesse surgir um rasgo individual que quebrasse essa “monotonia”. Enquanto esse momento não chegava, havia mais Sporting com bola no meio-campo contrário mas mais V. Guimarães em ações defensivas à frente.

O que houve a menos durante esse período sobrou nos minutos finais até ao intervalo, com um pouco de tudo deixando as contas empatadas como até aí: Gonçalo Inácio inaugurou o marcador na sequência de uma bola ganha após canto que teve cruzamento de Pedro Gonçalves para a área e desvio in extremis de Morita nas costas de Maga a isolar o central na pequena área (41′), Tiago Silva fez o 1-1 de grande penalidade após falta de Adán sobre Ricardo Mangas num lance que deixou dúvidas pela posição inicial do ala e pela infração em si (45+7′) e pelo meio ainda houve um golo bem anulado por fora de jogo a Pedro Gonçalves após assistência de Marcus Edwards na profundidade (45+1′). Com os ânimos mais tensos, entre uma imagem “desfocada” pelo fumo dos artefactos pirotécnicos que foram deflagrados, o jogo prometia para a segunda parte.

Também pelo amarelo que viu cedo no jogo, Rúben Amorim não quis correr riscos e abdicou de Ricardo Esgaio no intervalo, lançando Nuno Santos para reformular a linha a três da defesa com Diamonde a voltar à direita, Matheus Reis a recuar para a esquerda e Gonçalo Inácio a fazer agora de Coates ao meio. Contudo, foi aí nesse espaço que nasceu o primeiro lance de perigo da segunda parte, com Ricardo Mangas a aproveitar um corte incompleto do esquerdino para rematar em boa posição na área por cima (49′). Mais do que ter esse cuidado, o Sporting chegava também com um outro desafio perante a exibição sem erros da defesa visitada: ativar Gyökeres, que caía nos dois flancos, esticava jogo, procurava a profundidade mas continuava longe de um papel ativo nas manobras ofensivas, fazendo o primeiro remate apenas aos 57′ num lance em que Geny Catamo foi bem lançado pela direita, progrediu com bola e cruzou para o desvio por cima do sueco.

Apesar de haver esse maior ascendente no encontro e de os minhotos não conseguirem criar tanto perigo nas transições, Rúben Amorim não demorou e pouco depois dos 60′ arriscou tudo pela vitória, abdicando de Hjulmand no meio-campo e de Marcus Edwards no ataque para lançar Francisco Trincão e Paulinho. Eram os leões que tinham o controlo completo da partida com bola, era um V. Guimarães que raramente perdeu o controlo da partida sem ela e era um encontro a pedir o aparecimento dos principais artistas para fazerem a diferença como aconteceu numa grande jogada coletiva da formação verde e branca que passou pelos três corredores e acabou com uma assistência atrasada de Nuno Santos para um remate de Francisco Trincão travado de forma gigante por Bruno Varela (71′). O Sporting não marcou, o Sporting sofreu: na sequência de uma transição rápida a procurar a velocidade de Jota Silva pela direita, Adán ainda travou um primeiro remate mas André Silva rematou na segunda bola que desviou em Morita e fez o 2-1 (73′).

Os minhotos estavam pela primeira vez na frente mas nem por isso a história do encontro estava escrita. Longe disso. E bastaram apenas três minutos para ser escrito mais um capítulo, com Geny Catamo a levar bola pela direita, Pedro Gonçalves a ter um passe fantástico em balão a isolar Nuno Santos e o esquerdino a disparar uma “bomba” isolado frente a Bruno Varela (76′). Ficava tudo em aberto até Álvaro Pacheco traçar a grande linha diferenciadora em relação a Rúben Amorim: o Sporting mexeu para tentar definir o jogo, o V. Guimarães mexeu para conseguir decidir o jogo. Entre as três substituições, Dani Silva, que iria ter um papel preponderante a descer até a um meio-campo já desgastado, fez uma tabela pelo lado esquerdo e surgiu na área para, com pouco ângulo, rematar de pé esquerdo com Adán mal batido (80′). O espanhol ainda tirou o golo a Adrian Butzke (88′) mas o mal estava feito, apesar das oportunidades finais dos leões que encontraram sempre uma qualquer perna dos minhotos na área a evitar um novo empate na partida.

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