Os representantes da União Europeia nas negociações da cimeira do clima rejeitaram, esta segunda-feira, a proposta da presidência da COP28, considerando que o texto contém elementos que “são completamente inaceitáveis”.
A posição foi assumida pela ministra espanhola Teresa Ribera e o comissário neerlandês Wopke Hoekstra cerca de duas horas após ter sido divulgada a proposta de texto do ‘Global Stocktake’ (primeiro balanço que está a ser feito do Acordo de Paris) dos Emirados Árabes Unidos, que presidem à 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP28).
“Há elementos neste texto que são completamente inaceitáveis”, afirmou, em declarações aos jornalistas, Teresa Ribera, ministra da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico, que está a representar a União Europeia nas negociações.
Teresa Ribera referia-se, em concreto, à questão dos combustíveis fósseis, uma vez que na nova redação há o apelo à redução do consumo e da produção de combustíveis fósseis, mas o texto deixa de referir a palavra “saída” dos combustíveis fósseis.
“É claramente insuficiente e desadequado para responder àquilo que estamos aqui a tratar. E não é porque a União Europeia quer, é porque os cientistas são claros sobre o que é preciso. No tomo dessa lista está o fim dos combustíveis fósseis”, sublinhou, por sua vez, o comissário europeu para a Ação Climática, Wopke Hoekstra.
A COP28, a decorrer no Dubai desde 30 de novembro, estava prevista terminar na terça-feira e era essa a expectativa do presidente, Sultan Al-Jaber, que até apontava as 11h00 como meta para a aprovação do texto final.
No entanto, o acordo está agora ainda mais longe. “Temos horas, ou dias se necessário, pela frente. Gostaríamos de sair desta COP com a mensagem clara de que o mundo precisa e, neste momento, não estamos nesta posição”, referiu Teresa Ribera.
Em concreto, Wopke Hoekstra sublinha a necessidade de especificar a redução gradual dos combustíveis fósseis, a forma como o mundo deve “travar o carvão” e o reconhecimento de que não é possível eliminar os combustíveis fósseis “de hoje para amanhã”, mas que os chamados ‘unabated’ (aqueles em que não é possível a captura de carbono) não pode atrasar a transição.
“Tem de ser uma COP que se transforme num ponto sem retorno e num ponto de referência nesta década crítica. Falta muito trabalho para poder garantir que o cenário final seja claro e claramente congruente com a mensagem que queremos passar”, considerou Teresa Ribera, com o comissário a acrescentar que a União Europeia “irá discutir o tempo que for necessário”.
* A Lusa viajou para a COP28 a convite da Fundação Oceano Azul *