O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, defendeu esta segunda-feira que o processo de Capital Portuguesa da Cultura deve ter continuidade, por descentralizar o acesso às manifestações culturais.

Pedro Adão e Silva falava em Aveiro, onde assinou, com a ministra da Coesão Territorial e os autarcas, os protocolos de apoio ao financiamento de Aveiro e Braga a Capital Portuguesa da Cultura.

Aveiro tem um programa de oito milhões de euros com que abre em 2024 a Capital Portuguesa da Cultura, enquanto Braga reserva para 2025 cerca de 10 milhões de euros com o mesmo objetivo.

Os protocolos desta segunda-feira formalizam um compromisso que o governo havia assumido de dotar com dois milhões de euros cada uma das cidades, seguindo-se Ponta Delgada na lista como Capital Portuguesa da Cultura em 2026.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O processo vem dar continuidade ao trabalho das candidaturas finalistas a Capital Europeia da Cultura cuja escolha recaiu sobre Évora, em 2027.

Évora vai ser a Capital Europeia da Cultura em 2027 e Braga, Aveiro e Ponta Delgada vão ser capitais portuguesas da cultura

“Esta é uma iniciativa que eu espero que perdure”, disse o ministro, realçando a importância da iniciativa para a democratização do acesso à Cultura, “que é um imperativo constitucional”, conforme lembrou.

A democratização desse acesso, no entender de Adão e Silva, deve ser um dos principais eixos da política cultural porque tem um efeito reprodutivo e proporciona momentos para estimular a criação.

É nesse âmbito que se inscreve a itinerância dos teatros nacionais, recebendo Aveiro, na sua programação, espetáculos do Teatro São João, do Porto, e Teatro D. Maria, de Lisboa, assim como da Companhia Nacional de Bailado.

O ministro realçou a importância das responsabilidades partilhadas com as autarquias no que à Cultura diz respeito, observando, no entanto que “tal ocorre de forma assimétrica, sem nenhuma marca partidária”.

“Umas investem muito na Cultura, outras nem tanto”, precisou, lamentando também que os privados não se associem mais aos eventos culturais.

A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, disse que a dinâmica das candidaturas a Capital Europeia da Cultura correspondeu a “um novo olhar dos municípios sobre o território”.

“O governo tinha de estar solidário com os municípios no estímulo aos agentes culturais porque a Cultura é a cola do desenvolvimento e da coesão social”, comentou.

Aveiro vai manter o plano dos investimentos em equipamentos culturais previsto na candidatura vencida a Capital Europeia da Cultura, ainda que ajustando a programação.

“A Capital Europeia da Cultura fazia parte do nosso crescimento de investimento nessa área e, por isso, ele está 100 por cento importado para a Capital Portuguesa”, esclareceu o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves.

“Quanto à programação, com a Capital Europeia subiríamos a um patamar mais alto”, admitiu.

O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, disse que o objetivo é “fazer da cidade uma Capital da Cultura todos os dias”, prosseguindo a estratégia que foi delineada.

“Vamos investir nos próximos anos quase 20 milhões de euros e, já no próximo ano, vamos lançar vários concursos para empreitadas de grande relevo, na requalificação e na valorização do património”, declarou.

Ricardo Rio reconhece que “o envelope financeiro” que estava associado à Capital Europeia da Cultura iria permitir “parcerias nacionais e internacionais mais arrojadas”.

“Ainda assim, vamos seguir um trilho que nós consideramos que é muito consistente de valorização da cultura”, garantiu.