As visões políticas de Gary Lineker e o papel de Gary Lineker enquanto comentador da BBC estão novamente a colidir. Depois de ter sido despedido e posteriormente readmitido em março, por ter criticado publicamente as políticas de imigração anunciadas por Rishi Sunak, o antigo jogador está novamente sob fogo e já há quem defenda o afastamento permanente do inglês.

Num texto de opinião no The Telegraph, um antigo diretor de programas da BBC defendeu que a postura de Gary Lineker nas redes sociais é “ofensiva e embaraçosa” e garantiu que o Match of the Day, o conhecido programa onde o jogador participa, ficaria “completamente bem” sem a presença do antigo internacional inglês. No mesmo artigo, Danny Cohen recorda a abordagem de Alex Ferguson a jogadores que “se sentiam maiores do que o Manchester United”.

Acabou o braço de ferro: Gary Lineker (que não pediu desculpa) volta ao ecrã no próximo fim de semana, BBC revê política de redes sociais

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Se existiam quaisquer sinais de que um jogador acreditava que era maior do que o clube, Ferguson rapidamente lhe mostrava onde era a porta. Mesmo quando se tratava de jogadores de classe mundial como David Beckham ou Roy Keane. Neste momento, Lineker está a comportar-se como se fosse muito maior do que o clube que representa — a BBC — e tem a noção insolente de que não há nada que o treinador — o diretor-geral — possa ou vá fazer para o travar”, pode ler-se.

As novas críticas a Gary Lineker surgem depois de o antigo jogador ter respondido diretamente a deputados do Partido Conservador nas redes sociais, após ter partilhado uma entrevista em que um académico acusava Israel de estar a levar a cabo um “genocídio” na Palestina e ter assinado uma carta aberta que exige ao governo um novo plano para os refugiados. Danny Cohen defende que os insultos de Lineker aos deputados parecem “saídos do recreio da escola” e sublinhou que “se a BBC nada fazer, a direção vai parecer ainda mais fraca e cada vez menos em controlo da presença nas redes sociais das pessoas que a representam aos olhos do público”.

No mesmo texto, o antigo diretor de programas revela ainda que, enquanto Gary Lineker foi autorizado a “encorajar os seus seguidores a acreditarem que Israel está a levar a cabo um genocídio”, vários funcionários judeus da BBC foram aconselhados a não participar em manifestações contra o anti-semitismo. Toda a questão surge cerca de três meses depois de a BBC ter implementado um novo conjunto de regras de conduta nas redes sociais e numa altura em que a emissora pública britânica está a mudar de presidente.

Samir Shah, o próximo presidente da BBC, foi ouvido esta quarta-feira na Comissão de Cultura, Comunicação Social e Desporto do Parlamento britânico — como parte do protocolo obrigatório da nomeação — e partilhou das opiniões de Danny Cohen. Algo que, naturalmente, pode deixar Gary Lineker em maus lençóis. “Quero acreditar que a BBC está a analisar o caso e a elaborar uma resposta. Isto não ajuda ninguém e prejudica a reputação da BBC”, começou por dizer, defendendo depois que as declarações do antigo jogador quebram as novas regras de conduta implementadas.

O sistema de imigração do Reino Unido que Gary Lineker criticou afeta o futebol e divide FA e Premier League

“Se já estivesse em funções, convidava o diretor-geral a explicar-me se acha que estas regras de conduta, conforme foram implementadas, estão a ter o objetivo que é pretendido. Iria interrogá-lo sobre isso de forma direta. Gostaria de ouvir se as regras de conduta, tal e qual como foram desenhadas, estão à altura do teste. Ou se precisam de ser examinadas novamente”, atirou, recordando também que Gary Lineker é o comentador mais bem pago da BBC, tendo encaixado mais de um milhão e 350 mil libras no último ano.