João Cancelo e João Félix parecem em contraciclo com o momento que o Barcelona atravessa. A dupla de portugueses tem sido elogiada e até se fala nas manobras de mercado que os blaugrana podem realizar para adquirem ambos a título definitivo. No sentido oposto, o clube catalão vive um momento conturbado e as duas derrotas consecutivas, uma com o Girona (2-4) para o campeonato e outra com o Antuérpia (3-2) para a Liga dos Campeões, não ajudavam.

Nunca um presidente foi melhor a fazer a convocatória do que um treinador: Barcelona perde com o Antuérpia, mas segue para os oitavos

“Há um mês perguntaram-me se eu seria o Alex Ferguson do Barça e agora estão-me a dizer que vou para a rua. Vou ficar louco. O clube precisa de estabilidade, ainda para mais na era pós-Messi”, disse o contestado treinador dos catalães Xavi Hernández. “Recebo mensagens como se isto fosse um funeral, como se o meu pai ou a minha mãe tivessem morrido, mas nenhum de vocês [jornalistas] me felicitou por ter passado aos oitavos da Liga dos Campeões”.

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João Félix, que não saiu do banco contra o Antuérpia, e João Cancelo, que foi suplente utilizado, estavam ilibados da derrota na Bélgica num jogo para o qual o Barcelona partia já com o apuramento garantido. Desta vez, os dois internacionais por Portugal tinham uma palavra a dizer na visita ao Valencia da 17.ª jornada da La Liga. Ambos foram titulares num onze que voltou a ter Frenkie de Jong e onde Iñaki Peña se manteve na baliza, no lugar do lesionado Ter Stegen.

Roman Yaremchuk, antigo avançado do Benfica, atualmente no Valencia, esteve bastante ativo nos minutos iniciais, obrigando Iñaki Peña a uma defesa apertada e massacrando os adversários contrários. Na fase inicial do encontro, o setor recuado dos catalães, onde João Cancelo recuperou a posição na lateral direita depois de ter vindo a ser opção à esquerda, foi constantemente colocado à prova. Não ajudava a displicência com que o ataque blaugrana perdia a bola. Numa jogada de contra-ataque, Yaremchuk ficou cara a cara com o guarda-redes do Barcelona, mas faltaram argumentos técnicos ao ucraniano para manter a bola controlada.

Robert Lewandowski era o jogador mais irreverente para o Barcelona nesta fase. Apesar do polaco ter sofrido com problemas físicos que chegaram a fazer pairar a ideia de que teria que ser substituído por Ferran Torres, o avançado quase deixou o português Thierry Correia, defesa do Valencia, no vídeo de um dos melhores golos da carreira do jogador de 35 anos. O pontapé de moinho de Lewa acabou travado por Giorgi Mamardashvili.

Necessariamente, o Barcelona tinha que ter um maior controlo da circulação de bola para impedir o Valencia de dividir o jogo. Na segunda parte, foi o que se sucedeu e o golo acabou por aparecer. Frenkie de Jong desmarcou de trivela Raphinha que serviu para João Félix (55′) encostar, num lance onde a finalização foi o mais fácil. Não tendo sido a exibição mais fascinante do extremo, o golo compensou.

No momento em que o Valencia sofreu, um dos primeiros rostos que se viu a tentar recuperar o ânimo dos jogadores da equipa che foi Hugo Guillamón. Foi o próprio médio, que fez dupla com Pepelu, a personificar o espírito de resiliência. Guillamón (70′) encontrou, a partir da entrada da área, o ângulo da baliza de Iñaki Peña e fez o empate. Mal a igualdade foi confirmada pelo VAR, João Félix foi substituído por Ferran Torres. O Mestalla estava ao rubro quando Frenkie de Jong colocou o extremo recém-entrado cara a cara com Mamardashvili, mas o internacional espanhol falhou a hipótese de voltar a colocar o Barça na frente.

Os catalães acabaram o encontro a desperdiçar ocasiões. Desta vez, foi Raphinha que permitiu a defesa ao guarda-redes georgiano do Valencia. O lance acabou cortado pelo jovem defesa de 18 anos, Yarek Gasiorowski, em cima da linha de golo. O Barcelona não conseguiu a vitória pelo terceiro jogo consecutivo (1-1) e pode ficar a nove pontos do Girona, equipa que lidera a La Liga.