Os chilenos rejeitaram no domingo, em referendo, a proposta de um nova Constituição mais conservadora, com 55,8% votos contra, quando estão apurados mais de 99% das votações, segundo os resultados preliminares oficiais.
O novo texto, elaborado por um Conselho Constitucional em que a direita e a extrema-direita tiveram maioria, obteve 44,24% dos votos, segundo o serviço eleitoral do Chile.
Com este resultado, o debate constitucional fica encerrado pelo menos durante a presidência de Gabriel Boric (até 2026), porque o presidente progressista já disse que não promoverá um terceiro processo constituinte.
O partido conservador União Democrática Independente (UDI), que fez campanha a favor da nova proposta, foi o primeiro a reconhecer os resultados e o seu líder, Javier Macaya, disse que os chilenos “não querem mudanças constitucionais nem refundações”.
“Vamos ver se depois de dois processos fracassados a necessidade de chegar a acordos se consolida no Chile porque finalmente o primeiro projeto (rejeitado) era da esquerda e o segundo da direita”, disse o democrata cristão Alberto Undurraga (centro).
Esta segunda tentativa de ter uma Carta Magna para substituir a estabelecida em 1980 pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) começou em setembro de 2022, quando uma maioria retumbante rejeitou, em outro plebiscito, um projeto escrito por uma convenção de maioria de esquerda que propunha uma mudança profunda no modelo do país.
O resultado de domingo é um revés para o Partido Republicano, de extrema-direita, que teve um papel fundamental na elaboração do novo texto e aspirava a tornar-se a força hegemónica da direita.
“Independentemente do resultado, vamos continuar a trabalhar pelas prioridades do povo”, disse o Presidente Boric após votar, que não esteve diretamente envolvido nestas eleições, ao contrário do que fez no plebiscito do ano passado.
A opção de rejeitar a proposta constitucional foi imposta na maioria das 16 regiões do país, especialmente na capital, Valparaíso (centro) e no norte de Antofagasta.